Às cegas entre Brunellos e outros toscanos

Participei ontem à noite de mais uma interessante experiência promovida pela amiga enófila Ângela dos Anjos, da creperia e bar Anjo Solto (Recife), que assim como eu adora testes às cegas. Desta vez, a proposta era degustar rótulos italianos com a denominação Brunello di Montalcino, mas com alguns ‘coringas’ da mesma nacionalidade e da mesma região (Toscana), porém de outras denominações, escolhidos propositalmente para se perceber as nuances da Sangiovese, uva com a qual são elaborados.

Foram cinco vinhos ao todo, de diferentes safras. À mesa, seis participantes. Entre os rótulos, três Brunellos, um Vino Nobile di Montepulciano e um Orcia Rosso.

Duas grandes surpresas na noite: o vinho mais simples (Orcia Rosso) despontou no 3º lugar. Já o rótulo mais caro de todos, o Brunello do produtor Altesino, ficou surpreendentemente na última colocação.

Confira as minhas impressões sobre os vinhos, com as suas devidas classificações finais:

1º LUGAR:
Sasso di Sole Brunello di Montalcino DOCG 2008
Elaborado pelo produtor Legnaia, tem em sua composição 100% a variedade Sangiovese Grosso. Seu amadurecimento foi de 36 meses em carvalho esloveno. De coloração rubi bem clara e brilhante, apresenta aromas florais, de especiarias, menta e baunilha. O paladar é apimentado, com fruta presente e boa persistência.

Média de preço: R$ 200 [Importadora Trinacria]

2º LUGAR:
Ferrero Brunello di Montalcino DOCG 2004
Este Brunello teve amadurecimento de quatro anos em carvalho francês. Seu aspecto é rubi claro, brilhante. No nariz me chamou a atenção um intenso aroma de coentro, casado com notas de fruta madura e de madeira, bem integradas ao conjunto. Na boca é elegante e de boa persistência. Bastante especiado.

Média de preço: US$ 30 [Não tem importador no Brasil]

3º LUGAR:
Sasso di Sole Orcia Rosso DOC 2010
Produzido também na região de Montalcino, Toscana, tem em sua composição apenas a uva Sangiovese. A cor é rubi claro e seus aromas são intensos, mostrando algo que lembra açúcar queimado, além de frutas vermelhas do bosque e especiarias. Tem taninos doces e o sabor revela notas tostadas e bastante fruta. Macio e agradável. Estagiou um ano em carvalho esloveno.
Média de preço: R$ 79 [Importadora Trinacria]

4º LUGAR:
Fattoria del Cerro Vino Nobile di Montepulciano DOCG 2009
Principal vinho do produtor toscano Fattoria del Cerro, tem em sua composição as uvas Sangiovese (90%), Colorino (5%) e Mammolo (5%). Parte da bebida (30%) estagiou em barricas por 12 meses e em barris grandes por seis meses. Outra porção (70%) teve passagem por barris grandes eslovenos por 18 meses. De coloração rubi clara, tem aromas inicialmente discretos de frutas vermelhas maduras, como jambo, além de notas florais, de caramelo, especiarias e couro. Na boca é macio e elegante.

Média de preço: R$ 120 [Importadora Cantu]

5º LUGAR:
Altesino Brunello di Montalcino DOCG 2004
Produzido por Altesino, um dos mais importantes nomes de Montalcino, este vinho estagiou 30 meses em carvalho. Tem cor rubi clara. No nariz, surgem notas de canela, fruta vermelha madura e couro. Na boca é apimentado, mas ao mesmo tempo traz taninos doces e intensos. Elaborado 100% com Sangiovese Grosso.

Média de preço: R$ 380 [Importadora Zahil]

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0 Replies to “Às cegas entre Brunellos e outros toscanos”

  1. Fabiana, gosto muito de Sangiovese e principalmente de Brunello. Mas já tive uma experiência parecida em que o o Rosso di Montalcino estava melhor que o Brunello.
    Acho que depende bastante do produtor e também da safra.
    Parabéns pelo post!
    Abraço,
    Alesssandra
    damadovinho.com.br

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