SBAV-Rio diz que sempre defendeu vinho brasileiro mas que é contra salvaguarda

Em nota, a Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho do Rio de Janeiro (SBAV-Rio) se posicionou a respeito da avaliação, por parte do Governo Federal, de medidas para proteção do vinho brasileiro, que podem resultar em aumento de impostos sobre os rótulos estrangeiros e restrições nas importações.

Confira a íntegra do texto abaixo:

[Leia também a posição do Ibravin sobre o assunto]

“A Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho do Rio de Janeiro sempre defendeu o vinho brasileiro. Promovemos degustações, verticais e apresentações de inúmeros produtores, sempre abrindo as portas da entidade ao produto nacional. A SBAV-Rio entende que a luta de produtores brasileiros por uma fatia maior de mercado é válida e justa. No entanto, somos completamente contra a aplicação de salvaguardas para o vinho nacional. Cremos que não é este o caminho a ser adotado. Acreditamos que tal medida, além de completamente antipática aos olhos dos consumidores, é ineficaz, uma vez que não trata dos principais problemas que travam o crescimento do vinho brasileiro no mercado nacional: o preconceito e a distribuição.

Nós da SBAV-Rio acreditamos que, em vez de batalhar pela aplicação de salvaguardas, o IBRAVIN deveria investir em uma campanha de imagem do vinho brasileiro. Infelizmente, ainda é grande o número de pessoas que desconhece a evolução qualitativa dos produtos nacionais. E isto se deve a dois problemas básicos: desinformação e preconceito. Ainda é muito arraigada no imaginário do consumidor, a baixa qualidade da maior parte da produção nacional quando os vinhos brasileiros dominavam o mercado, antes da abertura das importações. A entrada de vinhos estrangeiros, de qualidade bem superior a dos nacionais, fez com que os produtores brasileiros despertassem para a realidade. Nascia ali o posterior salto qualitativo dado pelo vinho brasileiro, notadamente nos últimos dez anos. Uma forte campanha publicitária, feita com o apoio da grande imprensa, de sommeliers e de entidades ligadas ao vinho poderia ser uma das formas de quebrar este preconceito e informar ao consumidor a nova realidade do vinho nacional. Com os espumantes, tais campanhas deram certo e hoje o produto nacional tem qualidade reconhecida pelo consumidor.


Outro problema sério a ser enfrentado é a distribuição. Enquanto a maioria das importadoras possuem equipes bem montadas de venda, que realizam treinamentos e encontros com clientes e consumidores, os produtores nacionais ainda engatinham neste quesito. São poucas as inciativas promocionais de vinícolas nos grandes centros do país. Falta uma equipe mais agressiva de vendas, faltam ações de marketing junto a restaurantes. Não há a necessidade de nenhum tipo de salvaguarda para reverter as situações acima descritas.


Por outro lado, há uma forte inconsistência em diversos argumentos apresentados pelos peticionários que propuseram a salvaguarda. A principal delas talvez seja a “similaridade”. A SBAV-Rio entende que tal preceito não se aplica ao vinho, uma vez que a entidade defende que cada região e respectivos produtores têm suas particularidades e tal diversidade deve ser incentivada e preservada.


Para encerrar, a SBAV-Rio entende que, em última instância, todo e qualquer tipo de reserva de mercado tem se mostrado inútil ao longo do tempo. O protecionismo é amigo íntimo do atraso. E em uma cultura do vinho ainda incipiente como a nossa, uma retração de mercado pode ter consequências graves e duradouras.


Portanto, a SBAV-Rio e sua diretoria e conselho, por meio desta, declara-se fortemente contrária à aplicação de qualquer tipo de salvaguarda para o vinho nacional, seja na forma de aumento de impostos ou de adoção de cotas para o vinho importado. No dia em que as entidades representativas dos produtores nacionais quiserem fazer uma campanha para redução de impostos na cadeia produtiva do vinho brasileiro, ou da taxação do vinho como alimento, ou da inclusão de pequenos produtores no SIMPLES, ou de combate ao preconceito contra o produto nacional, a SBAV-Rio terá as portas abertas e participará com afinco de tais iniciativas. Mas para adotar medidas retrógradas, antipáticas e ineficazes como a salvaguarda e o selo fiscal (que já resultou na quebra de dezenas de pequenos produtores), a SBAV-Rio, mais do que estar fora, é radicalmente contra.


Diretoria

Paulinho Gomes
Paulo Nicolay
Affonso Nunes
Yann Lesaffre
Maria Carolina Azevedo
Osvaldo Sandim

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