Fotos: divulgação
Mais de 250 rótulos e um público de 600 pessoas. Esses foram alguns números da terceira edição do Ingá Wine Festival, realizado na última quarta-feira, no Recife. O evento reafirmou o crescente potencial do mercado de vinhos local, mostrando que o pernambucano já está entre um dos principais consumidores da bebida no país.
Estiveram presentes no Bufê Rose Beltrão, em Apipucos, cerca de 50 diferentes produtores de países do Novo e Velho Mundo, com destaque para os vinhos da Viu Manent, Lurton, William Cole, San Fabiano, Abadia Retuerta, Freixenet, Chateau La Gardine, Quinta do Morgado, entre outras. Do Brasil estiveram presentes a Cave de Amadeu, Miolo, Salton, Perini, Fante e Dom Cândido.
Os organizadores do evento, Cláudio Silva e Fabrício Navarro, comemoraram o sucesso do festival, observando que mesmo com todos os ingressos vendidos, centenas de interessados ainda ficaram de fora. Segundo Cláudio, a próxima edição provavelmente será realizada em um local de maior porte.
Pela diversidade de rótulos, dei preferência à degustação de lançamentos, de vinhos que gostaria de conhecer mas ainda não tinha experimentado, além de sugestões de amigos. A curiosidade também levou a me deparar com ótimas surpresas, como o Monte Alentejano Reserva (DFJ Vinhos – Portugal), Gimenez Mendez Premium Tannat (Gimenez Mendez – Uruguai), William Cole Mirador Selection Pinot Noir (William Cole – Chile) e Novas 100% Syrah (Emiliana – Chile).
Além desses, os destaques ficaram por conta do William Cole Mirador Selection Sauvignon Blanc (William Cole – Chile); os vinhos da Viu Manent, como o excelente Viu 1 e o Secreto Shiraz; o Serrera Gran Guarda (Serrera – Argentina), elaborado com uvas de vinhas com 90 anos; o Villard Sauvignon Blanc (Villard Fine Wines – Chile), Salton Desejo (Salton – Brasil), Gran Lurton Cabernet Sauvignon (Jacques and François Lurton – Argentina); o refrescante Versus Sauvignon Blanc/Chenin Blanc (África do Sul) e o Rívola (Abadia Retuerta – Espanha).
Todos os rótulos em exposição no Ingá Wine Festival podem ser encontrados nas lojas da Ingá, no Recife (www.ingavinhos.com.br).
Confira os comentários sobre os vinhos citados:
Monte Alentejano Reserva Tinto – 2006
Elaborado no Alentejo, em Portugal, com as castas Trincadeira e Aragonês, o vinho é produzido pela DFJ e passou nove meses em barricas de carvalho americano, francês e português. Tem 13% de teor alcoólico. Sua coloração é rubi e os aromas são complexos, mostrando notas de fruta e de baunilha. É um vinho extremamente macio e de boa persistência.
Gimenez Mendez Premium Tannat – 2006
Fiquei fascinada por este Tannat, muito bem trabalhado pela uruguaia Gimenez Mendez. Produzido na região de Las Brujas, estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e americano de primeiro uso. Sua graduação alcoólica é de 14%. A coloração é escura, lembrando ameixa, com aromas que remetem à mesma fruta, além de menta e café. É um vinho seco e untuoso, bem equilibrado, com uma fruta bastante agradável e boa persistência. Os taninos estão bem trabalhados. Vai bem com carnes vermelhas.
William Cole Pinot Noir Mirador Selection – 2007
Um vinho de coloração brilhante e clara, típica da uva Pinot Noir. Frutas vermelhas aparecem no nariz, com um suave toque de alecrim. O frutado permanece na boca, juntamente com taninos macios. Boa persistência. Possui 13,5% de álcool e passou por 12 meses em carvalho. Produzido no Chile pela Bodega William Cole.
Novas Syrah – 2005
Mais um bom chileno degustado no Ingá Wine Festival, o orgânico Novas é produzido pela vinícola Emiliana, no Vale do Colchagua, com 100% da uva Syrah. Este foi um vinho que seduziu pelo aroma, predominante de melaço, mas ao mesmo tempo bastante complexo. Na boca, os taninos mostram-se suaves e aparece um bom corpo, o que dá bastante elegância à bebida. A graduação alcoólica é de 14,5%.
William Cole Sauvignon Blanc Mirador Selection – 2007
Um dos melhores brancos da noite, contrariando a opinião de um participante que experimentou junto comigo a bebida. Segundo ele, o vinho era chato (com pouca acidez). Não achei nada disso. Ao contrário, trata-se de um vinho com bom equilíbrio, onde aparecem notas de frutas cítricas, pêssego e minerais. Sua coloração é amarelo-palha, com reflexos esverdeados. A graduação é de 13% de álcool.
Viu 1 – 2004
O melhor vinho provado no evento. Elaborado pela chilena Viu Manent, tem em sua composição as uvas Malbec (98%) e Cabernet Sauvignon (2%). Tons rubi com reflexos violáceos na coloração. Aromas de frutas escuras, como ameixa, café e tostados surgem no nariz, revelando um delicioso buquê. Tem ótimo equilíbrio e persistência. Embora não se perceba na prova, o álcool é de 14,5%. Passou 24 meses em carvalho.
Secreto Syrah – 2005
Outro ótimo vinho da Viu Manent, este traz no rótulo uma bonita pintura da artista chilena Catalina Abbott. Feito com 85% com a uva Syrah, tem 14,8% de álcool e estagiou 90% em carvalho. Apresenta cor violeta e aromas de frutas vermelhas e eucalipto. O seu final é longo e agradável. Pode ser guardado até seis anos.
Serrera Gran Guarda Malbec- 2005
Este Malbec é proveniente de vinhas de 90 anos, localizadas em Luján de Cuyo, em Mendoza, na Argentina. Sua produção é de apenas 5570 garrafas. Trata-se de um rótulo que suporta até 10 anos de guarda e que passou 12 meses em carvalho francês, mais 12 meses em garrafa antes de ser comercializado. É um vinho muito macio e gostoso de tomar, com notas de frutas maduras, milho e chocolate, além de boa persistência.
Villard Sauvignon Blanc – 2007
Produzido no Maipo, Chile, com 100% da casta Sauvignon Blanc pela Villard Fine Wines, este vinho é extremamente fresco, com sabor e aroma de frutas cítricas e tropicais, como abacaxi e limão. Tem boa acidez e corpo, mostrando na boca leveza e bom paladar. O teor alcoólico é 14%.
Salton Desejo Merlot – 2005
Um dos bons brasileiros expostos foi o Salton Desejo Merlot. Metade dele permaneceu em barricas de carvalho francês por 12 meses e a outra parte ficou o mesmo período em barris de carvalho americano. Depois disso, ainda passou 9 meses em garrafa. Coloração violeta bem escura, com ótimo aroma de ameixa, chocolate, baunilha e coco. Na boca é elegante e tem sabor prolongado.
Grand Lurton Cabernet Sauvignon – 2004
Produzido por Jacques and François Lurton na região de Tupungato e Vista Flores, em Mendoza, na Argentina, o Gran Lurton foi feito com uvas Cabernet Sauvignon colhidas bem maduras. O estágio de 12 a 14 meses em carvalho refletiu no aroma, que traz toques sutis de madeira mesclados com frutas vermelhas, tabaco e tostados. É um vinho concentrado, que mantém a elegância da madeira na boca por um longo tempo. A graduação alcoólica é de 14%.
Rivola – 2004
Este vem da Espanha, produzido pela Abadia Retuerta. Tem em sua composição as cepas Tempranillo (60%) e Cabernet Sauvignon (40%). Tem aromas tostados com notas de especiarias. O sabor é de frutas vermelhas, mentolado e picante. É um vinho delicado e muito agradável, de ótima complexidade. Tem 14% de álcool e passou por 12 meses em barricas de carvalho francês e americano.