Ramos Pinto e o sabor do Douro

Já tive algumas outras vezes com o produtor João Nicolau de
Almeida, mas é sempre bom absorver um pouco da sua experiência e tranquilidade.
Bisneto de Adriano Ramos Pinto, fundador da vinícola portuguesa Ramos Pinto, ele
esteve no Recife na última semana, a convite da importadora Licínio Dias, onde
apresentou alguns de seus produtos durante um jantar harmonizado no restaurante
Domingos.
João Nicolau é um estudioso das castas do Douro e um dos
precursores na elaboração de vinhos finos de mesa no Douro. Fundada em 1880, a Casa Ramos Pinto dedicava-se inicialmente
à produção de vinhos do Porto. Tanto é que hoje ainda é bastante associada a esse
tipo de vinho. No início do século passado começou a exportar para o Brasil,
onde conquistou um mercado fiel.
Mas foi somente em 1990 que a empresa produziu o seu
primeiro vinho de mesa, pelas mãos de João Nicolau, que é enólogo formado pela
Universidade de Bordeaux. Nesta mesma época, a Ramos Pinto integrou-se ao grupo
francês que produz o champagne Louis Roederer. O primeiro rótulo foi um tinto,
que em 1992, na Inglaterra, foi considerado o melhor vinho da Península
Ibérica.
Segundo João Nicolau, os seus vinhos exprimem o terroir do
Douro. Ele utiliza as castas típicas da região e também já vem implantando variedades
estrangeiras, como a Cabernet Sauvignon.
Confira as impressões sobre os vinhos provados:
Duas Quintas Branco 2012


De cor limão, apresenta aromas cítricos e de frutas brancas,
como pera e melão, junto com um toque mineral. De corpo médio, mostra na boca
as mesmas impressões do nariz. Boa acidez. Elaborado com 50% de Rabigato,  40% de Viosinho e  10% de Arinto, tem 13,5% de álcool. Vai bem
com frutos do mar.
Classificação: Bom.
Duas Quintas Reserva Branco 2012
Tem em sua composição 70% de Rabigato, 10% de Arinto, 10% de
Viozinho e 10% de Folgazão. Fermentou em barris de carvalho e estagiou durante sete
meses sob as borras finas. Sua cor é amarelo limão e no aroma destacam-se notas
florais, cítricas e de frutas brancas. Tem acidez pronunciada no paladar, onde
novamente surgem as características sentidas no aroma. A graduação alcoólica é
de 13%.
Classificação: Muito Bom/Excelente.
Duas Quintas Tinto 2008
Sua coloração é violácea e o aroma traz notas mentoladas, de
baunilha, especiarias doces, frutas silvestres e ameixa. Paladar leve e
equilibrado, reflete as impressões do olfato, como também traz notas de
chocolate e café. Elaborado com as uvas Touriga Franca (40%), Tinta Roriz (40%)
e Touriga Nacional (20%), possui 13,5% de álcool. Parte (20%) do vinho estagiou
em cascos de carvalho francês durante 12 meses e o restante ficou em cubas de
inox. Foi engarrafado 18 meses depois.
Classificação: Muito Bom/Excelente.
Duas Quintas Reserva Tinto 2008
Touriga Nacional (50%), Tinta Barca (10%) e Touriga Franca
(40%) fazem parte da composição deste vinho, que amadureceu (20%) durante 18
meses em tonéis de madeira e em barricas novas (80%). Sua coloração é rubi
profunda e no nariz apresenta frutas vermelhas maduras, especiarias, mentol e
notas balsâmicas. Bom equilíbrio entre acidez e taninos. O sabor também mostra
notas de café, além das mesmas características do olfato. Tem graduação alcoólica
de 15%.
Classificação: Excelente.
Adriano Ramos Pinto Reserva Porto
Clássico da Casa Ramos Pinto, o “Adrianinho”, como é
conhecido, tem em sua composição as castas Tinta Roriz, Tinto Cão e Touriga
Franca. É um blend de vinhos envelhecidos entre seis e sete anos em barris de
carvalho. Tem cor rubi média e mostra notas de ameixas secas, nozes e
especiarias. Paladar untuoso, reproduzindo as sensações do nariz no sabor. Tem
19,5% de álcool.

Classificação: Excelente.

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