Todo mundo sabe que a cerveja é uma grande paixão do povo brasileiro. Mas a pandemia parece que fez surgir um concorrente para essa bebida: o vinho. Dados da consultoria Euromonitor mostram que, desde o início da crise sanitária, 7,8 milhões de pessoas no Brasil provaram vinho pela primeira vez.

Já a Ideal Consulting, empresa de auditoria de importação e inteligência de mercado, constatou que entre julho de 2020 e o junho deste ano, mais de 509 milhões de litros de vinho foram comercializados no Brasil, 19% a mais do que ano anterior.

“O avanço no consumo de vinho foi impulsionado, principalmente, pelo longo período de isolamento social, em que os momentos de lazer deixaram de ser nos bares e nas festas, com os amigos, e passaram a acontecer em casa, na companhia da família ou até mesmo sozinho”, explica Marcelo D’Arienzo, CEO da Wine, e-commerce especializado em vinhos online.

Segundo Arienzo, quando todo mundo foi para dentro de casa, o vinho virou uma opção de entretenimento. Em entrevista à revista GQ, ele explicou que esse entretenimento incluiu os cursos online e as lives que a própria Wine promoveu gratuitamente aos assinantes, com foco nos amantes da bebida e os principiantes no mundo enófilo.

E A CERVEJA? – Apesar desse grande crescimento do consumo de vinho no país, ainda não é possível afirmar que a bebida está roubando a preferência dos brasileiros pela cerveja. Segundo um estudo do instituto de pesquisa Opinion Box, realizado este ano, 44% dos entrevistados disseram que bebem cerveja pelo menos uma vez por semana em casa, na residência de amigos ou eventos particulares.

O consumo per capita de cerveja no Brasil em 2020 foi de aproximadamente 62 litros. Enquanto o de vinho ficou na casa dos 2 litros.

Ou seja, a cerveja ainda é uma bebida muito consumida no país, sendo realmente uma das grandes paixões nacionais. Mas será que sua posição está ameaçada com a ascensão do vinho? Na minha opinião, a cerveja continuará reinando nos copos dos brasileiros, levando em conta a sua popularidade e o valor do produto – que na maior parte das vezes é mais acessível que o vinho.

Porém é inegável que o consumo do vinho vai continuar crescendo e que mais pessoas vão começar a descobrir o produto. O Brasil é um país jovem, que tinha pouquíssima tradição no consumo e produção de vinhos. Essa produção vem se consolidando a cada dia no Sul do país e novas regiões vêm surpreendendo com a qualidade dos seus produtos: é o caso do Vale do São Francisco, o terroir Altitude de Santa Catarina e os vinhos do interior Paulista e Mineiro, entre outros.

É só questão de tempo para nos tornarmos uma potência no consumo de vinhos, assim como somos de cerveja (só para constar, somo o terceiro maior país consumidor da bebida no mundo).