Decantar ou não? Eis a questão!

*Coluna Escrivinhos de janeiro/2014 da revista Mon Quartier 

Vez por outra, alguém me pergunta sobre o uso do decanter. Deve significar, então, que muita gente tem dúvidas sobre a utilização desse acessório do vinho. Para os que não conhecem ou não estão familiarizados, o decanter (ou decantador) é um recipiente de vidro ou cristal para onde se transfere o vinho depois de aberto. O procedimento faz com que alguns vinhos liberem os aromas que estavam “enclausurados” na garrafa, às vezes por muitos anos.

Em rótulos de mais idade, a decantação também serve para separar os sedimentos que se formam na bebida. Para isso, é necessário que antes de colocar o vinho no decantador, a garrafa fique em pé durante o tempo suficiente para que as partículas desçam. Depois, se transfere delicadamente o conteúdo para o decanter, de maneira que o sedimento fique na garrafa original.

Não é necessário decantar os vinhos brancos, pois eles não criam borra. Porém, alguns especialistas afirmam que aerar os grandes vinhos brancos ajuda a liberar novos aromas. Os brancos mais frescos, como os Sauvignon Blanc ou Alvarinhos, por exemplo, nada têm a ganhar com a decantação.

Quanto aos vinhos velhos, é recomendável decantá-los pouco tempo antes de servir. Os mais concentrados, como os Barolo, Barbaresco e Brunello de Montalcino evoluem com a decantação. Mas não só os grandes vinhos devem ser decantados. Um Cabernet Sauvignon encorpado do Novo Mundo, por exemplo, pode ser beneficiado depois de “respirar” um pouco no decanter. Para isso, hoje já existem mini-decanters que são encaixados na garrafa, provocando uma leve oxigenação da bebida ao servi-la na taça.

A maioria dos estudiosos recomenda a decantação para oxigenar os vinhos jovens, mas nem todos concordam com isso. Uma dessas pessoas era o reconhecido enólogo francês Emile Peynaud, já falecido. Ele dizia que a oxigenação só prejudicava o vinho.

Na prática, podemos perceber que alguns vinhos “amaciam” depois de decantados. Os que são muito tânicos, por exemplo, têm a adstringência diminuída e ganham mais aromas.

QUAL É O VINHO? – Conta o jornalista Carlos Alberto Sardemberg que uma conhecida socialite brasileira ficava chateada com o uso do decantador porque não dava para os participantes do jantar saberem qual era o vinho que estava sendo servido. Portanto, ela tirava o rótulo da garrafa e colava no decanter.

Além de deselegante, a solução não tem nada de prática. O ideal quando se usa o decantador é colocar a garrafa original ao lado do acessório para o convidado saber o que está tomando.

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