Coluna Escrivinhos do mês de abril da revista Mon Quartier
O vinho me leva pelo mundo em cada viagem mais incrível que a outra. Dessa vez, fui parar lá nos Pampas do Rio Grande do Sul, fronteira com Uruguai – região dominada pela agropecuária e agricultura, principalmente da soja e do arroz. Para quem não sabe, desde a década de 90 o local também vem começando a “botar as mangas de fora” no assunto vinho. E é disso que eu vou falar para vocês.
A Campanha Gaúcha é uma região que engloba oito municípios: Candiota, Bagé, Dom Pedrito, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Alegrete, Quaraí e Itaqui. A produção anual estimada é de oito milhões de litros, com foco na produção de vinhos finos e espumantes. Lá, me impressionaram alguns belos espumantes, mas principalmente os vinhos tintos produzidos com a uva Tannat, variedade que já se dá super bem no vizinho Uruguai. Também podemos encontrar bons Cabernet Sauvignon e alguns brancos distintos, feitos com as uvas Chardonnay, Gewürztraminer e Viognier.
A “base” para quem quer conhecer a região é a cidade de Santana do Livramento, local muito visitado por turistas, uma vez que fica na fronteira com a cidade de Rivera, no Uruguai, conhecida pelos seus free-shops. O incrível é que depois de provar tantos bons vinhos nessa região, nem deu vontade de comprar os importados!
Querem exemplos? A gigante Almadén, do grupo Miolo, conhecida pelos seus vinhos simples e baratos tem uma pequena jóia no seu catálogo: o “Vinhas Velhas Tannat”. Um excelente tinto feito com uvas cultivadas em vinhedos com mais de 35 anos. Por falar em preciosidade, essa é a palavra certa para descrever os tintos da Routhier e Darricarrère – uma vinícola de pequena produção que faz um grande vinho: o ‘Província de São Pedro Cabernet Sauvignon’. Também tem em seu portfólio o ‘Red’, vinho mais jovem e descontraído, porém muito bem feito.
Não posso deixar de elogiar também as criações da Cordilheira de Sant’ana e Camponogara (Rota 293), o Tannat da Rio Velho, além dos vinhos honestos (simples, bem feitos e acessíveis) da Dom Pedrito.
Mas confesso que o meu “queixo caiu” em dois momentos: o primeiro, numa visita à vinícola Guatambu. O complexo que a família Pötter está terminando de construir em Dom Pedrito não deixa nada a dever às vinícolas de primeiro mundo, com equipamentos modernos, arquitetura arrojada e de bom gosto. Tem tudo para se tornar um referencial no Sul do país, uma vez que os vinhos também são encantadores – a começar pelos espumantes.
Praticamente no fim do mundo, no município de Itaqui, localizado a 750 quilômetros de Porto Alegre, está outra super estrutura: a vinícola Campos de Cima. No meio a extensos campos de criação de gado e ovelhas, além do cultivo de arroz, desponta a vitivinicultura. Lembrem da marca Campos de Cima: um dia vocês ainda poderão se deliciar com seus distintos vinhos brancos, tintos e espumantes. É coisa de gente grande!
E durante a viagem de volta, chacoalhando dentro de um micro ônibus debaixo de uma tempestade de raios e trovões, eu só pensava em duas coisas:
1ª – Tenho que contar isso tudo a vocês.
2ª- Tomara que os meus vinhos não quebrem!
Saúde!