A curiosa história da uva Carménère

*Coluna Escrivinhos – agosto/2012 da Revista Mon Quartier

Para aqueles que já estão um pouco mais entrosados com o universo do vinho, quando se fala na uva Carménère, normalmente associa-se essa variedade ao Chile, pois trata-se da casta emblemática daquele país. Mas você sabia que a Carménère era uma variedade considerada extinta e que só foi redescoberta em 1994?

A uva tem uma história bastante interessante. Originária de Bordeaux, região da França, foi destruída nos idos de 1880 por uma praga chamada Filoxera, que acometeu os vinhedos da Europa. Causada por um inseto, essa praga reduziu a produção francesa quase à metade naquela década. Depois de perdas supostamente irreparáveis, como a extinção da variedade Carménère, descobriu-se que a única defesa contra a praga da Filoxera era o enxerto de vinhas européias nas raízes resistentes americanas, imunes à infestação. Todos os vinhedos europeus foram replantados desta forma.

Estudando as vinhas do Chile, em 1994, o pesquisador francês Jean-Michel Boursiquot observou que em algumas plantações a uva Merlot demorava mais a maturar. Depois de alguns testes, ele descobriu que a antiga variedade francesa Carménère havia sido cultivada junto com pés de Merlot.

O que provavelmente aconteceu é que os colonizadores europeus, bem antes da praga, trouxeram mudas de Carménère para o Chile e plantaram a variedade, tendo esta se adaptado muito bem às condições locais.

Apesar de não ser a uva tinta mais plantada no Chile (o posto fica com a Cabernet Sauvignon), a Carménère é muito valorizada justamente por ser hoje quase uma “exclusividade” chilena.

Além disso, os vinhos feitos com esta uva são normalmente mais delicados e fáceis de tomar, agradando muito aos paladares femininos e também seduzindo os homens por dar origem a vinhos secos. Tem como características notas herbáceas, de frutas vermelhas e especiarias. Pode ser bebido jovem com prazer.

Então, quando abrir um Carménère lembre que além do vinho você está apreciando um pouco de história. No mínimo será uma boa curiosidade para contar aos amigos.

Saúde!

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