“A simplicidade é na verdade uma grande riqueza”. Esse pensamento ficou “batucando” a minha cabeça depois de um belíssimo almoço que participei, na última sexta-feira, com o proprietário da vinícola alentejana Quinta do Mouro, Miguel Louro (foto). Ele veio ao Recife junto com o enólogo e consultor Luís Duarte, que já esteve andando dia desses pelas bandas de cá.
Miguel Louro esbanja simplicidade, mesmo tendo no seu portfólio os três melhores vinhos de Portugal, eleitos este ano pelo todo poderoso crítico Robert Parker. Dentista de formação, nos idos dos anos 80, Louro decidiu viver no campo. Comprou uma propriedade que pertenceu à família Zagalo, localizada em Estremoz, no Alentejo, e começou a se aventurar na criação de animais.
Foi quando decidiu elaborar o seu próprio vinho. A estreia foi na colheita de 1994, com o rótulo Quinta do Mouro. Em 1998, é produzido o Casa dos Zagalos, uma versão menos complexa do vinho anterior, porém de muito boa qualidade. Em 2004 lançou um vinho mais comercial (entrada de gama, como ele prefere chamar), o Vinha do Mouro. O top da vinícola é o Quinta do Mouro Rótulo Dourado (foto), um vinho que exprime perfeição.
Miguel Louro só produz vinhos tintos, aproveitando a vocação da sua propriedade. “O vinho deve exprimir o seu terroir e também as suas castas”, explica. Atualmente, a quinta tem 27 hectares de vinhas próprias não irrigadas e plantadas principalmente em solos xistosos. As principais castas são Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Syrah. A produção anual é de 130 mil garrafas.
Luis Louro, filho mais novo de Miguel, hoje está à frente da produção e da comercialização dos vinhos. O jovem é considerado um dos mais competentes enólogos nova geração portuguesa. Já Luis Duarte, considerado duas vezes (1999 e 2007) o melhor enólogo de Portugal pela Revista de Vinhos reforça o projeto com sua consultoria técnica.
Durante este almoço com os dois produtores, promovido pelo importador Licínio Dias (ao centro, na foto), no restaurante Ferreiro Premium, foram servidos dois vinhos brancos de Luis Duarte (Rapariga da Quinta 2009 e Rubrica 2009), além de um excelente Late Harvest da Herdade dos Grous e um Rubrica Tinto 2008. A sequencia dos vinhos de Miguel Louro começou com o Casa dos Zagalos 2006 e seguiu com o Quinta do Mouro 2007, fechando com chave de ouro o Quinta do Mouro Rótulo Dourado 2005. Néctar!
E quem disse que Louro bebeu os seus tintos? “Com estes brancos não preciso de mais nada”, arrematou, elogiando os vinhos de Luis Duarte e aproveitando o clima local para desfrutar de algo mais leve.
Quanto ao ofício de dentista, isso não é uma coisa que ficou no passado. Perguntei para ele: “e se eu estivesse lá em Estremoz e tivesse uma dor de dente?”. Miguel respondeu: “pegaria minha maleta e prontamente iria lhe atender”, revelando que todos os dias atende pacientes em seu consultório. Uma figura!
Confira mais sobre os vinhos nos próximos posts.