Miolo: “Terroirs do Brasil”

A Miolo realizou no Recife, na última segunda-feira (22), a degustação “Terroirs do Brasil”. Conduzido pelo diretor técnico do Miolo Wine Group, Adriano Miolo, o evento teve como objetivo apresentar as regiões brasileiras onde o grupo desenvolve seus projetos e fazer com que o público, composto por profissionais da área e formadores de opinião, conhecesse alguns rótulos de cada uma delas.

Na ocasião, pude provar alguns vinhos que ainda não ainda havia degustado, como os da linha Bueno e o RAR Collezione Merlot, que comento mais adiante.

A Miolo conta hoje com aproximadamente 1.200 hectares de terras no Brasil e produz 12 milhões de litros de vinhos e espumantes por ano.

As regiões onde atua:

Vale do São Francisco

De acordo com Adriano Miolo, esta é uma das principais áreas de viticultura tropical do mundo. Localizada no paralelo 8º, entre Pernambuco e Bahia, a região é a única do mundo que produz duas safras por ano.

Desde 2001, a Miolo desenvolve lá o projeto Ouro Verde, onde cultiva 150 hectares de terra, principalmente com as variedades Chenin Blanc e Shiraz.

A maior vocação da área é para os espumantes, que são elaborados pelo método Charmat. O Moscatel é o principal deles, sendo líder de mercado no Brasil.

Vinho degustado:

Terranova Chenin Blanc – 2008

A uva branca Chenin Blanc, segundo Adriano Miolo, foi uma das variedades que melhor se adaptou ao Vale do São Francisco.

O vinho, que foi elaborado 100% com ela, tem cor amarelo claro com tons esverdeados. Seus aromas lembram frutas tropicais, como o abacaxi, e também envolvem características minerais.

É leve e refrescante na boca, com acidez aparente e fruta discreta.


Classificação
: Regular/Bom
Faixa de preço: R$ 14

Campos de Cima da Serra

Localizada no paralelo 28º, no Rio Grande do Sul, a cerca de mil metros de altitude, esta é a região onde está localizado o projeto RAR. Lá, existem 80 hectares plantados de Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir.

No local estão também sendo testadas outras variedades, que em breve deverão dar origem a novos vinhos.

Vinho degustado:

RAR Collezione Merlot – 2009

Sou fã declarada do RAR Cabernet Sauvignon/Merlot e me interessou bastante provar este vinho, que teve estágio parcial (50%) em barricas de carvalho francês.

A bebida tem cor rubi com reflexos violeta e apresenta lágrimas bem finas. Frutas vermelhas aparecem no nariz, bem típicas da uva Merlot, com leve madeira. É um vinho jovem, com bastante frescor. Achei a acidez um pouco elevada, mas acho que o vinho tem a melhorar com a guarda.



Classificação
: Bom
Faixa de preço: R$ 45

Serra Gaúcha

Nesta região, a Miolo desenvolve dois projetos: o Miolo e o Lovara. A área está numa altitude que vai de 400 a 700m, com cinco microregiões delimitadas.

É lá onde fica a primeira região a receber Denominação de Origem (D.O.) no Brasil, o Vale dos Vinhedos, onde as uvas permitidas para vinhos são a Chardonnay e Merlot. Os vinhos de corte têm que ter obrigatoriamente 60% dessas uvas, podendo levar ainda as variedades Riesling (brancos), Cabernet Sauvignon e Tannat (tintos).

Os espumantes têm que ser feitos através do método tradicional ou Champenoise, com segunda fermentação na garrafa, e levar as uvas Pinot Noir e Chardonnay. Também pode entrar a variedade Riesling, respeitando a proporção dos 60%. Vale ressaltar que a Miolo é a maior produtora de espumantes no Brasil feitos através do método tradicional.

Só no Vale dos Vinhedos, a Miolo produz 5 milhões de litros anuais. Possui no local 120 hectares de vinhedos e ainda conta com a matéria-prima de 60 produtores integrados.

A Lovara fica dentro da cidade de Bento Gonçalves, onde possui 10 hectares de vinhedos. Lá são produzidas as variedades Merlot, Cabernet Sauvignon e Chardonnay. Produz um dos ícones do grupo, o vinho Gran Lovara.

Vinhos degustados:

Miolo Cuvée Giuseppe Chardonnay – 2009

Tive a honra de tomar este vinho antes mesmo dele sair ao mercado, quando ele não tinha ainda nem rótulo.

Desta vez, ele me pareceu mais amadeirado, mas não deixa de ser um bom vinho. É aquela velha história: ou gosta ou não gosta. E eu tenho uma “quedinha” pelos vinhos brancos que passam por carvalho.

Feita 100% com a uva Chardonnay, a bebida foi macerada com a casca a 8ºC por cerca de seis a oito horas. Estagiou em barricas novas de carvalho francês por 10 meses.

O resultado é um vinho de cor amarelo dourado e com aromas e abacaxi, pêssego e baunilha.

No paladar traz novamente o abacaxi, junto com o tostado da madeira. É um vinho amanteigado, com boa acidez e final amadeirado marcante.

Classificação: Muito Bom/Excelente (a classificação caiu um pouco devido ao excesso de madeira no vinho).
Faixa de preço: R$ 45

Miolo Merlot Terroir – 2008

Elaborado 100% com a uva Merlot, o vinho amadureceu um ano em barricas de carvalho francês novas.

Sua cor é rubi escuro e brilhante. Traz ao olfato notas de frutas maduras, leve baunilha e menta. É redondo e aveludado no paladar. Bastante elegante. Seu final é saboroso e com muita persistência.

Classificação: Excelente
Faixa de preço: R$ 69



Miolo Lote 43 – 2005

Este vinho eu nem preciso falar mais, pois ele é um velho freguês. Simplesmente maravilhoso.

Vou repetir as impressões já publicadas sobre ele em um post mais antigo:

O Miolo Lote 43 é uma homenagem ao italiano Giuseppe Miolo, patriarca da família Miolo. O nome do vinho é uma referência ao pedaço especial de terra, na Serra Gaúcha, onde está localizado o vinhedo que dá origem às suas uvas. Estas terras foram as primeiras a serem recebidas por Giuseppe quando ele chegou ao Brasil.

Produzido com as cepas Cabernet Sauvignon e Merlot, o vinho estagia em barricas de carvalho americano e tem a supervisão do enólogo Adriano Miolo. De cor rubi bem fechada, revela uma grande gama de aromas, que começam com ameixa, compota, tabaco, frutas secas e menta. Na boca aparecem taninos de ótima qualidade e um sabor frutado, em belo equilíbrio com a madeira, com bom corpo e uma leve sensação picante. O vinho tem ótima persistência. Sua graduação alcoólica é de 13,5%.

Classificação: Excelente.
Faixa de preço: R$ 80 a R$ 90

Gran Lovara – 2006

Na composição deste vinho entram as cepas Merlot (60%), Cabernet Sauvignon (25%) e Tannat (15%). Teve estágio de um ano em barricas de carvalho americano e francês.

Sua cor é rubi escura e brilhante, Os aromas são herbáceos, de frutas vermelhas e ainda mostram leve característica animal da uva Tannat.

Na boca, repete as frutas e mostra baunilha proveniente do contato com a madeira. Tem taninos aparentes, de boa qualidade, e é bem seco. Bom vinho para comida.

Classificação: Muito Bom/Excelente.
Faixa de preço: R$ 40

Campanha

Esta região fica na fronteira com Uruguai, onde a Miolo desenvolve os projetos Seival (linhas Sesmarias, Quinta do Seival, Reserva, Seleção e Gamay), Almadén e Bueno.

Fica a 31º de latitude sul e, de acordo com Adriano Miolo, é um dos melhores terroirs do Brasil para se produzir Cabernet Sauvignon, Tannat, Pinot Grigio e Viognier.

O projeto mais antigo na região é o Seival, que existe há dez anos e é desenvolvido numa área de 200 hectares. Lá, os vinhos da linha são vinificados e depois seguem para o Vale dos Vinhedos, onde são engarrafados e envelhecidos.

Há cerca de um ano, a Miolo adquiriu a vinícola Almadén. Tantos os vinhos quanto a marca foram reformulados, ganhando sete varietais mais três frisantes demi-sec prodizidos pelo método Charmat.

Já o Bueno é uma parceria entre o grupo e o apresentador esportivo Galvão Bueno, que também é um amante de vinhos. Nesta linha são produzidos o vinho Paralelo 31 e o espumante Cuvée Prestige. Ambos são elaborados com uvas do projeto Seival.

Vinhos degustados:

Miolo Reserva Viognier – 2009


Branco produzido 100% com a casta Viognier, envelhecido parcialmente (50%) em carvalho francês e americano.

Sua coloração é amarelo claro e no nariz aparecem notas florais, de maçã verde e leve baunilha. Tem corpo médio e traz à boca boa acidez. É um vinho redondinho, bom para os dias quentes.

Classificação: Bom
Faixa de preço: R$ 24


Miolo Seleção Tempranillo/Touriga – 2009

Lançado este ano, este é um vinho com uma boa aceitação no mercado inglês, segundo Adriano Miolo. Elaborado com a uva espanlhola Tempranillo (50%) e a portuguesa Touriga (50%), teve estágio parcial (de 10% a 15%) em barricas francesas e americanas.

A bebida tem cor rubi escuro, formando lágrimas violeta na taça. Os aromas são florais e de frutas maduras, como ameixa. Para mim, no nariz ele é mais interessante, já que na boca deu uma “sumida”.

Acho que a tipicidade da Tempranillo está presente neste vinho mais do que a da Touriga.

Classificação: Regular.
Faixa de preço: R$ 16

Bueno Paralelo 31 – 2008

Para mim, este foi um dos melhores da degustação. É composto pelas castas Cabernet Sauvignon (40%), Merlot (30%) e Petit Verdot (10%) e passou por barricas de carvalho francês pelo período de um ano.

De cor granada, revela aromas muito interessantes de cassis, fruta madura e discreta madeira. Repete na boca as impressões do nariz junto com um bom corpo, taninos macios e boa persistência.

Classificação: Excelente
Faixa de preço: R$ 71

Quinta do Seival – 2005

Entram neste corte as castas portuguesas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro. O amadurecimento foi de um ano em barrica. Sua cor é rubi escuro com tons violeta. Apresenta boa complexidade no nariz, com frutas vermelhas, especiarias, menta e discreta madeira.

É um vinho redondo, com boa presença de boca e boa persistência.

Classificação
: Muito Bom/Excelente.
Faixa de preço: R$ 45


Bueno Cuvée Prestige Brut

Elaborado com as uvas Chardonnay e Pinot Noir, este é um espumante elaborado pelo método Champenoise que apresenta cor amarelo dourado, bolhas finas, centrais e persistentes.

Tem excelentes aromas que envolvem frutas brancas e abacaxi, fermento e tostado. Na boca, mostra cremosidade e uma leve doçura. A acidez é corretíssima, tornando o espumante fácil de ser tomado, mas ao mesmo tempo requintado.



Classificação
: Excelente/Excepcional
Faixa de preço: R$ R$ 59

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0 Replies to “Miolo: “Terroirs do Brasil””

  1. Sempre uma felicidade poder aprender com alguem como Adriano Miolo.
    ótima matéria e as avaliações estão muito interessantes.
    Parabens!

  2. Fabiana,
    Eu estou sempre tentando encontrar os vinhos " TOP" da Miolo, mas infelizmente só encontro pela Internet com preços que ficam muito caro por causa do Frete, ou seja, na curiosiedade, melhor comprar um Argentino/Chileno do mesmo preço…
    Vi que na RM, tem alguns, mas os da linha Bueno, ou ate mesmo o Guiseppe Chardonay, não encontro aqui em Recife, você conhece algum local?
    Esse mes vou receber pelo clube wine, uma caixa com O Terroir e Lote 43 ( o da safra 2002 eu ja degustei, mas não impressionou, e acho que já não estava mais em forma).

  3. Olá, Fred
    Por duas vezes comprei na própria Miolo, no RS. Essa edição do clube W vai ser uma boa, pois a safra do Lote 43 é a de 2005 – a melhor.

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