O amigo sommelier Célio Vasconcelos, representante da Zahil no Recife, esteve recentemente com Bernardo Silveira, diretor técnico da importadora. Ele acaba de me enviar comentários sobre vinhos da casa, incluídos no principal e mais influente guia especializado em vinhos da Argentina e do Chile: o Descorchados. Confira as dicas:
Por: Bernardo Silveira
Patricio Tapia é a principal referência no meio enológico quando se trata de vinhos da América do Sul. Formado em jornalismo no Chile e em enologia em Bordeaux, Tapia é correspondente de publicações do calibre de Wine & Spirits (EUA) e Prazeres da Mesa (Brasil), além de ser o responsável pelos principais itens sobre a produção sul-americana no livro-bíblia dos vinhos, The Oxford Companion to Wine, de Jancis Robinson. Seu guia Descorchados, publicado desde 1999, é talvez a mais transparente publicação de vinhos do Chile: com o objetivo claro de informar às pessoas como é que ele, pessoalmente, vê os vinhos de seu país, o guia é um indicador de gosto pessoal de um degustador técnico e respeitado.
Para a edição de 2008, Tapia preparou uma verdadeira reviravolta dedicada a completar o trabalho: convidou três outros degustadores de grande capacidade e integrou ao guia os vinhos da Argentina, unificando em um só livro duas potências da enologia mundial. Héctor Riquelme e Tapia selecionaram os vinhos chilenos, Fabrício Portelli os argentinos e, representando o Brasil, Jorge Lucki colaborou para o ranking dos 50 melhores vinhos dos Andes. De acordo com Tapia, “os três, de seus respectivos pontos de vista, são as pessoas que mais respeito deste lado do mundo quando se trata de degustar.”
Ranking Argentina-Chile – 50 melhores vinhos dos Andes
Unindo os 25 melhores vinhos de cada país em degustação às cegas, o grupo procurou eliminar distorções em debates enológicos. Segundo Lucki, “a cada série de cinco vinhos, as notas e os critérios pessoais adotados por cada um eram discutidos, permitindo eliminar possíveis falhas de interpretação e chegar, por consenso, a um resultado mais equilibrado e digno de confiança”.
Entre os selecionados, um destaque da Zahil: Salentein Numina 2004 (com 91 pontos): “Este vinho, além de ser o primeiro corte da casa, é um dos poucos tintos bem modernos que entregam algo além de fruta e tons de vinificação em madeira nova. Tem aroma mineral (terra molhada) que lhe dá complexidade, tanto no olfato quanto no paladar, e o torna mais acessível. De bom volume, susbtancioso e com final de especiarias, refrescante e muito agradável de beber. Apesar de sua juventude, mostra-se bastante harmonioso. Consumo ideal até 2012.”. (R$ 121)
Como não poderia deixar de ser, vale lembrar que as notas numéricas são simples referências comparativas e refletem a percepção dos degustadores e que é o descritivo feito sobre o vinho o que melhor apresenta a impressão do degustador. É válido ressaltar ainda que, dos 1657 vinhos degustados, 1025 foram recomendados no guia. Segue a lista com todos os vinhos de importação da Zahil que receberam pontuações e destaques no guia, incluindo, sempre que presente, a indicação de consumo ideal dos autores.
80 a 85 pontos – Vinhos simples, para todos os dias.
86 a 90 pontos – Apostas mais complexas, embora também adequadas para beber diariamente. Excelente opção, se o preço for razoável.
91 a 95 pontos – Vinhos excelentes que, independente do preço, devem ser provados.
96 a 100 pontos – A perfeição existe? Provavelmente não, mas neste grupo há vinhos que se aproximam bastante dela.
Super Preço – Excelente relação preço/qualidade.
Argentina
“Melhor Cabernet Sauvignon” da Argentina:
Rutini Cabernet Sauvignon 2004, Rutini Wines – 92 pontos
“Apesar de ser o rei das cepas tintas e uma das mais plantadas do país, não existem muitos bons expoentes deste varietal (mas sim em cortes). O Rutini, porém, mostra-se um clássico de grande equilíbrio, como os grandes vinhos. A fruta e a madeira convivem em plena harmonia: é substancioso e de caráter frutado sutil, com toques de especiarias e de infusões. Taninos muito finos e um final levemente evoluído que o torna mais complexo. Consumo ideal até 2014 e decantar.” (R$ 105)
“Melhor Merlot” da Argentina:
Primus Merlot 2003, Bodegas Salentein – 91 pontos
“Há varios anos este merlot vem sendo um dos mais destacados do país. De aroma compacto e sutil, muito bem integrado. É preciso agitar bem a taça para poder apreciar as frutas vermelhas maduras, as especiarias, o chocolate amargo e um pouco de tabaco. De paladar franco, disfarça sua carnosidade com elegância. Redondo e com um longo e agradável final, no qual a fruta e a madeira convivem em perfeita harmonia, apesar de seus quase 20 meses de vinificação em barris novos. Consumo ideal até 2011.” (R$ 245)
Entre os “Melhores Tintos” da Argentina:
Antologia XVII 2003, Rutini Wines – 92 pontos
“Tem a elegância e finesse dos grande vinhos clássicos com certa evolução. Na boca é fresco, franco e com sutis notas de frutas maduras. A madeira, muito equilibrada e integrada, dá complexidade. Embora os taninos se mostrem jovens ainda, o sabor do vinho e seu final de paladar são próprios de um exemplar de exceção que está pronto para ser aberto, apesar de seu grande potencial. Consumo ideal até 2013 e decantar.” (R$ 218)
Entre os “Melhores Malbec” da Argentina:
Primus Malbec 2003, Bodegas Salentein – 91 pontos
“É o Primus preferido de Laureano Gómez. Vinho encorpado, um pouco vibrante no paladar (por taninos e acidez) e substancioso, com notas de frutas vermelhas e especiarias frescas típicas do malbec, e os toques defumados do carvalho francês novo muito presentes. Por enquanto, sua vivacidade não dá lugar à elegância nem à complexidade Primus que com certeza aparecerão com uma guarda adequada em garrafa. Consumo ideal até 2013.” (R$ 295)
Entre os “Melhores Merlot” da Argentina:
Rutini Merlot 2003, Rutini Wines – 90 pontos
“Vinho com corpo e volume, de caráter vegetal e paladar fresco. Aroma delicado de frutas maduras, especiarias e notas tostadas elegantes. Taninos finos, jovem e compacto. Ainda fechado; precisa de tempo para expressar-se e provar que é m dos poucos merlot de alta gama do país. Consumo ideal até 2013.” (R$ 93)
Entre as “Melhores Mesclas Tintas”:
Antologia XVII 2003, Rutini Wines – 92 pontos
ver descritivo acima.
Chile
Entre os “Melhores Chardonnay” do Chile, em 2º Lugar:
Sol de Sol 2006, Viña Aquitania – 92 pontos
“Os aromas não dizem muito. Há notas tostadas que, de início, parecem dominar, mas tenham paciência. Há fruta por trás, que precisa de tempo. O paladar é o melhor nesta nova versão do magnífico Sol de Sol. A acidez é pungente, dura, concentrada em dar frescor em um corpo denso e de profundidade rica. Um vinho de Traiguén, o vinhedo mais austral do Chile, uma região chuvosa, dura, que desenha um vinho magnífico. Consumo ideal até 2012.” (R$ 147)
Outros vinhos degustados, indicados e pontuados:
Argentina
Bodegas Salentein
Primus Pinot Noir 2004 – 91 pontos.
“Sem dúvida, trata-se de um pinot de guarda, visto que hoje seus 16º de álcool dão uma sensação forte que tira sua elegância natural. Além disso, está um pouco fechado e as notas lácteas da vinificação são mais sentidas (levemente) que as de cerejas maduras tão típicas. Mas, se for oxigenado um pouco em decantador e servido um pouco gelado, pode deslumbrar, visto que sua estirpe delicada também pode ser sentida no paladar. Consumo ideal até 2012.” (R$ 225)
Salentein Malbec 2005 – 88 pontos.
“Apresenta aroma excessivamente maduro, mas fresco. Na boca é substancioso, refrescante e com os taninos vivos. Um pouco concentrado, e por isso fechado, não muito expressivo, mas igualmente percebe-se o caráter frutado da cepa e uma boa harmonia, embora sem complexidades.” (R$ 73)
Salentein Merlot 2003 – 83 pontos.
“Seu aroma vegetal denota boa tipicidade. Com taninos vivos e caráter um pouco maduro, mas com notas de especiarias frescas que levantam o final.” (R$ 73)
El Portillo Elevado Cabernet Sauvignon 2005 – 88 pontos.
“Pouo a pouco, a madeira foi se integrando neste vinho; era muito evidente quando foi lançado. Tinto muito substancioso, de textura harmoniosa e intensa, com boa fluidez e um agradável final de frutas negras. Consumo ideal até 2011.” (R$ 53)
Finca El Portillo Malbec 2006 – 85 pontos.
“Também simples, mas muito agradável. Caráter frutado evidente, refrescante e vivaz, com taninos dóceis. Bom malbec para consumo diário.” (R$ 35)
Finca El Portillo Cabernet Sauvignon 2006 – 83 pontos.
“Caráter bem frutado, de aroma simples e paladar franco. Fresco e com as notas de pirazina que identificam bem a cepa. Delicado e fácil de beber.” (R$ 35)
Rutini Wines – La Rural
Trumpeter Malbec 2005 – 84 pontos.
“É vibrante e tem o ímpeto de um tinto com vigor, jovem, mas com a delicadeza frutada do malbec. Não é muito persistente, mas extremamente vivaz.” (R$ 45)
Trumpeter Cabernet Sauvignon 2004 – 84 pontos.
“Cabernet suave e de pouca estrutura. Caráter frutado, boa fluidez e com as notas de vinificação bem integradas.” (R$ 45)
Trumpeter Reserva 2004 – 88 pontos.
“É moderno e de estrutura mediana, com taninos firmes, mas redondos, que lhe dão vivacidade. Apreciam-se também notas de frutas vermelhas frescas, café e baunilha da passagem por tonéis de carvalho novo; de final fresco e agradável. Consumo ideal até 2010 e decantar.” (R$ 64)
Rutini Cabernet S./Malbec – 86 pontos.
“Substancioso e com boa fluidez. Aroma intenso de frutas frescas e toques defumados leves que voltam no final.” (R$ 66)
Chile
Viña Aquitania
Aquitania Cabernet Sauvignon 2005 – 90 pontos e indicação de “Super Preço”.
“As notas de menta e ervas predominam neste exemplo quase de manual dos vinhos produzidos no Alto Maipo. Elegante e distinto, digno representante do melhor de Quebrada de Macul. Consumo ideal: até 2015.” (R$ 26)
Lazuli Cabernet Sauvignon 2004 – 91 pontos.
“Elegância e refinamento, força e elegância em um vinho sofisticado. A força ou a maturidade excessiva não têm espaço aqui. Atenção a este cabernet, atenção à sua evolução e com essa elegância que irá ganhando em complexidade. Consumo ideal até 2015.” (R$ 183)
No Recife, os vinhos estão à venda no Nez/Zahil.
Praça de Casa Forte, 314, Casa Forte. Informações: (81) 3441-7873.