Esta é a minha coluna da edição nº 20 da Revista Plural (Moura Dubeux), que está em circulação. Embarquem nesta viagem e deliciem-se:
A região central da Itália abriga uma das mais interessantes regiões vinícolas do mundo: a Toscana. Nela, estão localizadas magníficas cidades como Florença, Pisa, Arezzo e Livorno. Os vinhedos altos compartilham a terra com bosques e oliveiras. Já a área costeira e seus arredores apresentam terra plana e colinas suaves, ideais para o cultivo de variedades viníferas.
O clima é temperado, com boa insolação na primavera e no verão. Já o solo é uma mistura de argila e calcário, de onde se obtém uvas ricas em açúcar e em extrato. É nesse cenário que nascem alguns dos vinhos mais surpreendentes do mundo.
A principal uva da Toscana é a tinta Sangiovese, mas também se destacam a Brunello (um clone da uva Sangiovese Grosso), Canaiolo, Malvasia e Trebbiano.
A Toscana possui 38 DOCGs (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) – que é a classificação mais alta para vinhos de qualidade da Itália – e DOCs (Denominazione di Origine Controllata) – denominação equivalente à Appellation d’Origene Contrôlée (AOC) francesa. Nelas estão as renomadas zonas vitivinícolas de Chianti, Brunello de Montalcino e Vino Nobile di Montepulciano.
A região também guarda outro tesouro: os vinhos supertoscanos. Trata-se de um fenômeno que começou nos anos 80, quando alguns produtores inventaram uma alternativa ao sistema DOC(G) e procuraram outras uvas para elaborar uma linhagem de vinhos de alto nível. Embora “tops”, esses vinhos foram classificados como IGT (indicazione Geografica Tipica) ou VdT (Vino da Tavola), denominações criadas para vinhos mais simples.
Portanto é comum encontrar vinhos classificados como IGT com o status de supertoscanos. A diferença está no preço, sempre mais alto que os dos IGT “normais”. Entre alguns rótulos de supertoscanos estão o Tassinaia IGT, Braccale Rosso Maremma, Schidione IGT, Magari IGT, Tignanello, Sassicaia, Ornelaia e Solaia.
Chianti é a maior zona de vinho da Toscana, composta por sete sub-regiões: Clássico, Colli Arentini, Colli Fiorentini, Colli Senesi, Colline Pisane, Montalbano e Rùfina. Na região Chianti Clássico, destaca-se a área Gallo Nero (Galo Negro).
Os vinhos de Brunello de Montalcino têm qualidade superior e produção limitada. É o único rótulo toscano com 100% da uva Sangiovese e o DOCG mais caro da região. Intenso, concentrado e tânico, esse vinho normalmente requer um longo envelhecimento.
Já o Rosso di Montalcino DOC é um vinho mais simples. As safras mais novas geralmente estão prontas para beber.
O Vino Nobile di Montepulciano DOCG tem imagem mais tradicional que Chianti e menos elitista que Montalcino. Produz vinhos quentes, de bom custo benefício e caráter bem toscano.
Outros destaques da Toscana são o Carmignano DOCG, vinho tinto seco feito de uma mistura parecida com o Chianti (embora a uva Cabernet Sauvignon também possa ser utilizada); o Morelino di Scansano DOC, feito com uvas do corte Chianti na região de Meremma; o Vernaccia di San Gimignano DOCG, considerado o melhor vinho branco toscano, com aromas e sabor de amêndoa, e o Vin Santo, reverenciado vinho de sobremesa do interior da Toscana, feito de uvas passificadas.
Reconhecida como o berço do renascimento da viticultura italiana, iniciada nos anos 60 e liderada pela família Antinori, a Toscana elaborou uma síntese perfeita entre os métodos tradicionais e as técnicas modernas de vinificação e cultura de vinhas.
Esses fatores, somados à vasta riqueza artística e cultural local, além da receptividade do seu povo, faz com que a região esteja incluída na lista dos melhores destinos enológicos do planeta. Se não for conhecer a Toscana, pelo menos prove os seus vinhos, pois eles traduzem tudo isso.
Salute!