Um grupo de pesquisadores da Universidade Arturo Prat (Unap) confirmou que o Chile possui uma variedade de uva autóctone (nativa) que provavelmente existe há mais de trezentos anos na zona desértica do extremo norte do país. Depois da descoberta, já foi iniciada a elaboração de vinhos utilizando a cepa branca chamada Tamarugal, que também é conhecida como “uva do deserto”.
O nome é uma homenagem ao local onde foi encontrada: o Pampa do Tamarugal, que é uma planície localizada na região desértica de Tarapacá. O vinho criado pela equipe é um Late Harvest (colheita tardia), que, segundo as descrições, possui notas florais que lembram moscatel, paladar amanteigado e doce, porém não enjoativo devido à sua boa acidez.
Os pesquisadores receberam orientação de enólogos, sommeliers e outros profissionais ligados à área, que permitiram dar forma a um vinho com identidade. Este ano, a produção deve se profissionalizar devido a uma parceria com a Viña Santa Carolina.
As amostras de uva resgatadas durante a pesquisa foram comparadas com mais de sete mil variedades em todo o mundo pelo Instituto INRA de Montpellier, na França. A entidade classificou esta cepa como única no mundo, reconhecendo-a como a primeira uva autenticamente chilena.
Em 2011, um Fundo de Inovação para a Competitividade conseguiu uma verba que permitiu os pesquisadores construírem um laboratório e adquirirem os equipamentos para produção do vinho. Habilitaram cinco áreas de cultivo, duas em dependências da universidade o resto em terrenos de agricultores locais.
A ideia é que mais agricultores possam produzir a Tamarugal através de um modo associativo. “Não se trata de uma grande produção. Sabemos que no norte os agricultores são pequenos. Portanto, se aponta a um vinho boutique, em cujo conceito está o valor agregado, por exemplo, ser produzido no deserto mais árido do mundo”, explica Alex Zúñiga, encarregado da gestão e extensão do projeto.
Com informações de El Mercurio.