Tive a oportunidade de participar ontem (22) no Recife de uma apresentação de um projeto chamado Swop – Secret Wines of Portugal. Trata-se de um grupo de pequenos produtores de diferentes regiões do país que resolveu unir forças para comercializar os seus vinhos. Eles têm como características em comum a valorização das castas autóctones (nativas), a viticultura sustentável e os métodos de enologia minimalista.
Quem comandou a apresentação, realizada no restaurante Rui Paula, com a organização do Vinho Club Premium, foi o enólogo e idealizador do projeto, Virgílio Loureiro (foto). Ele explicou que a ideia nasceu há cerca de dez anos, com intuito de envolver produtores que fazem vinhos em escala agrícola, e não industrial. “São produtos de grande qualidade que não entram em supermercados”, observa Loureiro.
Atualmente, participam do Swop vinícolas das regiões do Minho, Beira Interior, Douro e Alentejo. Um outro produtor da região da Bairrada também está em vias de se integrar ao grupo.
Provamos alguns vinhos durante o evento e o que pude perceber é que são produtos de qualidade, porém alguns ainda jovens, mas com capacidade de evolução.
Confira as avaliações:
Vinha das Bouças Alvarinho 2014
Elaborado na região do Minho com 100% de casta Alvarinho. Apesar do enólogo Virgílio Loureiro afirmar que não se trata de um vinho perfumado, eu o achei bem aromático. Neste exame olfativo pude identificar notas delicadas de lichia, jaca, toques florais e de mel. Na boca apresentou boa
acidez e final persistente. O sabor, que revelou menos frutas, é marcado por um agradável toque de maracujá. Leve, refrescante e equilibrado, tem 13% de álcool. Coloração amarelo palha com reflexos dourados. Foram produzidas 2.500 garrafas.
Classificação: Bom.
Quinta do Vale do Ruivo 2013
Fonte Cal, Síria e Arinto são algumas das uvas que entram na composição deste branco produzido na Beira Interior. Sua coloração é amarelo palha com tons esverdeados. O aroma traz leves notas florais e cítricas. Na boca mostra corpo médio e ótimo frescor. É um vinho seco, elegante, untuoso e bastante gastronômico. Tem potencial de guarda por mais alguns anos. Seu teor alcoólico é de 13%.
Classificação: Muito Bom.
Casas Altas Chardonnay 2013
Outro branco elaborado na Beira Interior, só que com a casta de origem francesa Chardonnay, cultivada a 700 metros de altitude. Tem cor amarelo palha com reflexos dourados e seu aroma envolve notas de melão, lichia, aspargos, floral e leve cítrico. No paladar traz excelente acidez, corpo médio e boa persistência. O sabor repete as sensações do nariz. Tem bom potencial de evolução, lembrando os brancos da região da Borgonha. Sua graduação alcoólica é de 14%.
Classificação: Excelente.
Fraga da Galhofa Reserva Tinto 2011
Tem origem na região do Douro, onde é elaborado com as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca. Mostra uma bonita cor violácea brilhante de média profundidade e aromas envolventes de ameixa, café, mentol, floral, especiarias e melaço. Sabor seco, apimentado, com taninos de qualidade e final longo. O sabor ressalta notas de café e frutas maduras.
Tem potencial de guarda. Seu teor alcoólico é de 14,5%.
Classificação: Muito Bom/Excelente.
Mau Feitio 2009
Produzido no Douro Superior com as castas Tinta Roriz (55%), Touriga Nacional (30%), Tinto Cão (10%) e Touriga Francesa (5%) colhidas a 600 metros de altitude, é um tinto de rótulo interessante, elaborado pelo designer Alex Mendes. Segundo Virgílio Loureiro, produtor deste vinho, o nome Mau Feitio surgiu em uma noite de insônia. Segundo ele, é uma bebida que “sabe mais do que cheira”. Falando em cheiro, o aroma mostra ameixa, mentol, noz moscada, café com leite e alcaçuz. Não tem passagem por madeira, por isso mostra paladar limpo, valorizando a fruta. É leve, equilibrado e agradável de tomar. Vai evoluir na garrafa. Tem 13,% de álcool. Sua coloração é rubi, de média profundidade.
Classificação: Muito Bom.
Garcia de Castro Grande Reserva 2009
Outro vinho elaborado no Douro por Virgílio Loureiro, que usou neste corte Vinhas Velhas, Tinta Roriz, Sousão e Touriga Nacional. Ao contrário do Mau Feitio, este passou por madeira, com maturação de 12 meses em barricas novas de carvalho francês. Exibe uma cor rubi de média profundidade e aroma que envolve frutas maduras, floral, especiarias e café com leite. Boa presença de boca, com taninos doces, acidez presente e final prolongado. Além da fruta, aparece também notas de café. Madeira bem integrada ao conjunto. É um vinho com bastante potencial de melhora, mas já pode ser tomado com prazer. Tem 14,5% de álcool. Aconselha-se aeração.
Classificação: Excelente.
SERVIÇO: Os vinhos Swoop estão sendo representados no Recife pela União Export: (81) 3031-0285.