No Dia Mundial do Malbec (17/04), a título de comparação, resolvi fazer uma prova de três vinhos produzidos com esta uva, porém elaborados em países distintos: França (o berço da variedade), Argentina (o país onde ela virou símbolo) e Chile (que vem se arriscando a fazer vinhos com a cepa). Selecionei rótulos entre R$ 40 e R$ 65, esperando das amostras um bom padrão de competitividade. E não deu outra.
A proposta do vinho argentino era de inovação, por ser produzido por um dos novos expoentes da enologia daquele país: Matias Riccitelli. Já do francês, se esperava um Malbec mais austero, sem tanta fruta nem potência. E o do Chile para mim seria a grande incógnita. O vinho escolhido foi de uma vinícola boutique, integrante do Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile (MOVI).
Vamos às análises:
Tipo: Tinto.
Produtor: Matias Riccitelli.
Origem: Vistalba, Argentina.
Visual: Cor violácea brilhante, de média profundidade, com lágrimas abundantes.
Olfato: Aconselha-se deixar a bebida respirar para amenizar a impressão inicial do álcool. Aparecem notas de goiaba, flores secas, ameixa, pimenta do reino e baunilha.
Paladar: Mais discreto que no nariz, tem médio corpo, notas apimentadas e de canela, além das flores secas e frutas sentidas no aroma. Final de médio a prolongado.
Outras considerações: Um Malbec de caráter moderno, a começar pela ilustração do rótulo, inspirada nos quadrinhos. Parte do vinho do vinho (70%) é envelhecida em tanques de concreto e 30% em barricas de carvalho francês. Tem 14,5% de álcool. Um Malbec ainda jovem com bom potencial de evolução.
Classificação: Bom (melhora com a guarda)
Média de preço: R$ 65 (www.wineinpack.com)
Tipo: Tinto.
Produtor: Univitis.
Origem: Comté Tolosan IGP, França.
Visual: Cor rubi de média intensidade.
Olfato: Casca de laranja, especiarias, noz moscada, alcaçuz e cereja.
Paladar: Médio corpo, fruta discreta e leve especiado. Final médio.
Outras considerações: Um vinho fácil de beber. Leve, com seus 12,5% de álcool, em quase nada lembra as amostras da Argentina e da França. Não vai evoluir com a guarda. Beber agora.
Classificação: Bom.
Média de preço: R$ 50 (Carrefour)
Tremonte Reserva Malbec 2011 (Chile)
Tipo: Tinto.
Produtor: Tremonte Boutique Vineyard.
Origem: Vale de Cachapoal, Chile.
Visual: Cor violeta profundo
Olfato: Eucalipto, alcaçuz, chocolate, ameixa e leve baunilha. Lembra um vinho feito com a uva Syrah.
Paladar: Macio, de taninos envolventes, tem corpo médio e sabor com notas de frutas maduras, café, especiarias e um toque tostado. Final de médio a prolongado.
Outras considerações: Elaborado 100% com a uva Malbec cultivada no Monte Requegua, extremo sul do Vale de Cachapoal. A bebida maturou em barricas francesas e tem 14,5% de álcool. É um estilo diferente de Malbec, com um pouco menos corpo e paladar macio. Esta vinícola é a mesma que produz o vinho Meteorito, no deserto do Atacama.
Classificação: Bom.
Média de preço: R$ 40 (No Recife, na Casa dos Frios)
CONCLUSÃO:
Três bons vinhos, porém todos com características bem distintas. O argentino e o chileno com um pouco mais de vantagem por terem potencial de evolução. O argentino é indicado para quem gosta de vinhos mais jovens, modernos e potentes. O francês funciona bem para quem quer vinhos mais leves e fáceis de beber. Já o chileno é uma opção interessante para os que gostam de provar vinhos diferentes. Escolha o seu estilo e tim-tim!