A proposta era tentadora e envolvia quatro das coisas que mais gosto: degustar vinho, ouvir música, escrever sobre o assunto e viajar. Sonho? Sim, mas com um certo drama, tal qual um tango de Gardel.
Vou explicar melhor. Em meados de dezembro recebi um convite da Wines of Argentina (WofA) para participar de um concurso muito bacana. Os participantes receberiam alguns rótulos pelos correios e degustariam esses vinhos ao som de algumas músicas previamente escolhidas pela organização. Cada um deveria fazer uma “harmonização” entre as bebidas provadas e as músicas escolhidas e depois publicar o resultado na sua página da internet. O prêmio? Uma viagem para a terra do Malbec!
Animação em volume máximo. Mas no balanço das horas, cadê os vinhos? Eles não chegaram. Culpa dos Correios! Como num bolero, com muito vai pra lá, vem pra cá, tomei uma decisão: vou atrás dos meus rótulos nas prateleiras da cidade, pois não quero ficar de fora dessa parada do sucesso. Como dizia o poeta, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Com a listinha dos vinhos na mão e fone no ouvido, fui à luta. Já que o prazo era curto (só tinha dois dias para executar minha tarefa), fui num local onde supus que encontraria alguns dos rótulos. Achei o Crios Torrontés, que por sinal gosto muito, mas não encontrei os outros (tinha o Crios Rosé, porém resolvi não repetir o produtor). A loja oferecia alguns rótulos da Finca La Celia, mas não os sugeridos no concurso. Resolvi trazer para casa um La Celia da uva Malbec, tinta emblemática da Argentina. Acredito que não pequei.
But don’t cry for me. Vamos logo passar ao lado B da história, onde a coisa ficou mais tranquila. No conforto da minha casa, taça na mão e som na caixa, deixei me levar pelos acordes e sabores daquele momento e escolhi as seguintes harmonizações:
NA TAÇA: Crios Torrontés 2012
NO SOM: Diz que fui por aí (Nara Leão)
Leve como a música, este branco aromático tem toques cítricos, notas florais e de grama cortada. Combina com liberdade, com rua, assim como sugere a melodia. É um vinho que pode ser tomado em qualquer ocasião, bem gelado, sem compromisso, como quem vai por aí. Cada gole lhe leva mais longe. Vale a pena experimentar!
NA TAÇA: Finca La Celia Reserva Malbec 2007
NO SOM: Adiós Nonino (Astor Piazzolla)
Um vinho maduro, com boa complexidade, tal qual o tango “número um” de Astor Piazzolla. A música traz à tona memórias e sensações que mesclam-se a notas de frutas maduras colhidas na infância, junto com as especiarias que passariam a ser apreciadas mais tarde. Ainda aparecem menta, chocolate. Tudo isso dá saudades e alegra o presente. Faz chorar e sorrir ao mesmo tempo. Digno de um tango!
Vou ficando por aqui. A música continua tocando e o vinho ainda está na taça. Tudo isso me basta.
O importante é que emoções eu vivi!
adorei as combinações! Boa sorte! 🙂
Excelente post!!!
Saúde e bons vinhos!