Mundialmente conhecido por ter descoberto no Chile a uva Carmenère (relembre aqui a história), o cientista francês Jean-Michel Boursiquot está no brasil desde ontem (27) para confirmar a origem da variedade Moscato Branco, uma vez que há indícios de que ela possa ser única no mundo.
Boursiquot tem como formação a ampelografia, ramo da botânica que estuda, identifica e classifica as variedades de uvas, e atua como pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (Inra), da França. Seu trabalho no Brasil visa à obtenção de indicação de procedência para os vinhos e espumantes moscatéis de Farroupilha, em desenvolvimento numa parceria entre Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (AFAVIN) e Embrapa Uva e Vinho, além de um estudo mais aprofundado sobre a Moscato Branco.
“Há evidências de que a Moscato Branco cultivada no Brasil é diferente da encontrada na Europa, sendo que uva com características idênticas não foi identificada em vinhedos europeus e nem em bancos genéticos franceses e italianos. Isso indica a possibilidade de que ela possa ser única no mundo – o que agregaria expressão ainda maior à indicação de procedência dos vinhos e espumantes moscatéis de Farroupilha”, destaca João Carlos Taffarel, presidente do conselho técnico da AFAVIN e analista da Embrapa.
Segundo ele, esta análise da origem genética agregará informações no que se refere a melhoramento genético, podendo possibilitar a obtenção de clones que melhor se adaptem à região, “bem como a orientação para a utilização de determinadas técnicas de manejo, favorecendo a qualidade e evolução no cultivo da variedade tão expressiva para Farroupilha”, observa Taffarel. Aproximadamente 50% da produção brasileira de Moscato Branco está naquele município.
Jean-Michel Boursiquot permanece na região até o fim de semana. Ainda não há um prazo para a obtenção dos resultados.