Financial Times traz perfil do produtor argentino Nicolás Catena

Nicolás Catena é um dos principais nomes do vinho argentino.
Ex-professor de economia da Universidade da Califórnia, comanda a bodega Catena
Zapata e carrega consigo o orgulho de ajudar a colocar o seu país no mapa da
vitivinicultura de qualidade. Em entrevista a Rachel Savage, do jornal
britânico Financial Times, ele falou sobre história da empresa, economia
argentina, métodos de trabalho e vida pessoal, revelando que seu pudesse escolher
um vinho para beber pelo resto da vida seria o Château Lafite Rothschild 1990.
Confira a íntegra da entrevista:
Financial Times
12 de Novembro de 2013
Abordagem racional leva Catena às alturas
por Rachel Savage
Nicolás Catena é o membro da terceira geração de sua família
a produzir vinhos na região de Mendoza. Sua bodega Catena Zapata está entre as
vinícolas de maior prestígio da Argentina, construindo sua reputação desde 1997
com Nicolás Catena Zapata, e a combinação de Cabernet Sauvignon e Malbec tem
colocado os vinhos Sul Americanos num novo patamar. E, mais recentemente,
produziu o conceituado Catena Zapata Adrianna, feito com a uva Malbec,
proveniente dos vinhedos mais altos de Mendoza.
Antes de assumir a vinícola Catena Zapata (foto abaixo) no lugar de seu
pai, Sr. Catena era professor de economia na Universidade da Califórnia, em
Berkeley. E sua filha, Laura, formada nas universidades de Harvard e Stanford,
parece determinada em seguir a tradição da família: ela lidera o time de
pesquisa e desenvolvimento da vinícola.
Como o senhor virou viticultor?
Meu pai era viticultor, assim como meu avô, Nicolás Catena,
que imigrou da Itália para a Argentina em 1898. Ele plantou seu primeiro
vinhedo em Mendoza com a casta Malbec em 1902.
O que a região vitivinícola de Mendoza tem de especial?
Como Mendoza está localizada próximo aos Andes, nos
possibilita plantar vinhedos acima de 1500m de altitude. Aqui é mais frio e a
luz do sol é muito intensa: essa é a combinação ideal para as vinhas que não se
dão muito bem em lugares quentes mas que precisam de muita luz para atingir a
fotossíntese máxima, fonte de taninos e sabores desejáveis.
Como sua experiência de professor de economia influenciou em
seu trabalho de viticultor?
Quando iniciei o projeto no começo da década de 1980,
comecei questionando tudo sobre como o vinho era feito. Estudei o microclima
local e aprendi muito com alguns dos melhores produtores de vinhos fora da
Argentina.
Havia muitas questões desconhecidas. Meu aprendizado como
economista me ajudou a ter uma abordagem mais metódica nesse processo, e me deu
uma visão clara de que o projeto falharia se meus vinhos não pudessem competir
com os melhores do mundo em termos de qualidade.

Você acha que seu pai e seu avô estariam orgulhos de suas
conquistas como viticultor?
Sim, claro. Na cultura italiana, todos os pais querem ser
superados por seus filhos. Eles teriam orgulho do que a família Catena Zapata
conquistou.
Qual é o segredo da sua vinificação?
Comecei com a ideia de que nossos vinhos deveriam ser
inesquecíveis, distintos e tão bons – ou idealmente melhores – quanto outros
vinhos ao redor do mundo.
É importante estabelecer esta meta porque para atingir esse
nível de qualidade, prestar atenção em todos os detalhes é vital, da escolha da
localização de cada vinhedo até a seleção rigorosa das videiras, bago por bago.
Temos que estar dispostos a plantar muitas videiras antes de encontrar o lugar
especial – tal como o nosso vinhedo Adrianna – que nos permita produzir um
vinho único.
Se pudesse beber um vinho pelo resto da vida, qual seria?
Château Lafite Rothschild 1990.
E com qual prato acompanharia esse vinho?
Cordeiro da Patagônia.
Quão otimista o senhor está em relação a economia Argentina?
Eu estou muito otimista. A quantidade de recursos naturais
per capita que temos na Argentina está entre as maiores do mundo. Essa riqueza
natural me permite prever que apesar das constantes dificuldades geradas por
controvérsias políticas, conseguiremos obter um progresso econômico.
Descreva sua posição política.
Eu apoio o Partido Democrata de Mendoza, um partido político
fundado na década de 1930 por um grupo do qual meu pai fazia parte. Sua
orientação é centro-direita.
Qual é a sua maior conquista?
Ter mostrado ao mundo que a Argentina pode produzir vinhos
de qualidade excepcional foi a grande realização da nossa família. Nosso
projeto de exportação começou apenas em 1990, mas hoje o vinho argentino é
reconhecido mundo a fora por sua qualidade.
Quem o senhor mais admira?
Cicero, o político romano.
O que o deixa acordado a noite?
A saúde dos meus filhos e netos.
Como gostaria de ser lembrado?

Como um produtor de vinhos que buscou elevar o
reconhecimento mundial de seu país natal.

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