Fotos: Gustavo Carvalho/Divulgação
Tive a oportunidade de provar, semana passada, o vinho que vem despontando como a nova sensação do mercado chileno. Aliás, a oportunidade foi tripla, já que se tratava de uma degustação vertical das safras de 2009, 2010 e 2011 da bebida, promovida no Recife pela Casa dos Frios. O VIK, como o vinho é batizado, faz parte do grandioso projeto do empresário norueguês Alexander Vik de elaborar o melhor vinho da América do Sul.
Em 2004, ele começou a empreender estudos de solo e análises meticulosas para descobrir um terroir onde pudesse dar origem ao seu rótulo ícone. Em 2005, Vik conheceu em Apalta, no Chile, um local com as condições ideais para o seu projeto. O Vale Millahue, ou “lugar de ouro” como era chamado pelos antigos povos indígenas, está localizado a 70 quilômetros do mar, com uma grande variedade de microclimas, todos beneficiados pela brisa costeira. Neste vale, as chuvas são escassas, há uma boa amplitude térmica e as videiras são beneficiadas pela luminosidade.
Segundo o experiente enólogo francês Patrick Valette (à esquerda na foto), que presta consultoria para a VIK, são cerca de 300 hectares de vinhas plantadas numa área total de 4.300 hectares, incluindo um vasto bosque nativo. Na vinícola, se valoriza o conceito holístico, “fundamentado na perfeita sinergia entre a terra, o homem, a experiência, o clima e a alta tecnologia”. Lá, eles utilizam práticas de desenvolvimento sustentável, utilizando energia solar, reaproveitando a água para irrigar a vinha inteira, entre outras técnicas.
O VINHO – Elaborado com as variedades Cabernet Sauvignon, Carménère, Merlot, Cabernet Franc e Syrah, colhidas manualmente à noite, tem amadurecimento de 18 a 24 meses em barris novos de carvalho francês das melhores tonelarias de Bordeaux e Borgonha. Seu conceito é de um vinho elegante, expressivo, complexo e com boa capacidade de envelhecimento: um verdadeiro ‘Premier Grand Cru da América do Sul’ – como é descrito no projeto. “Não queremos fazer cópia de um vinho francês. Temos a influência do Velho e do Novo Mundo”, explica Valette.
O LANÇAMENTO – Patrick Valette e o diretor de marketing Gonzague de Lambert (à direita na foto acima) percorreram quatro capitas brasileiras (Vitória, Salvador, Recife e São Paulo) para fazer o lançamento oficial da bebida aqui no país. No Recife, aconteceu para convidados na Casa dos Frios, empresa que vai trazer o vinho com exclusividade para a cidade, no início de 2013. Eles tiveram como anfitrião Maurício Dias (foto ao lado), que vem garimpando excelentes rótulos para a adega das suas lojas.
O MERCADO – No Chile, o vinho custa cerca de 180 dólares. No Brasil (Recife), deve chegar na faixa dos R$ 350,00 a R$ 400,00. Atualmente, a VIK exporta para 25 países, sendo a China o principal mercado. O Brasil fica em terceiro lugar, depois do mercado europeu. O máximo produzido por safra é de 30 mil garrafas. “No futuro talvez tenhamos outro vinho, mas o foco é o VIK”, revela Gonzague de Lambert.
A PROVA – Foram disponibilizadas para a degustação as três diferentes safras elaboradas até hoje: 2009, 2010 e 2011 (esta última só estará disponível no mercado no final do próximo ano). Antes mesmo de colocar aqui as minhas impressões, observo que os três vinhos são bem distintos. Todos de excelente qualidade e muito elegantes. São bebidas com largo potencial de envelhecimento e que ainda vão dar o que falar.
Confira as anotações do blog sobre os três:
VIK – 2011
Produtor: VIK.
Origem: Millahue, Chile.
Visual: Cor violeta.
Olfato: Frutas vermelhas em compota, café, mentol e especiarias doces, como canela.
Paladar: Os sabores repetem as impressões do nariz. Carnudo, com boa acidez, final longo e marcante.
Outras considerações: Este vinho, provado ainda sem rótulo, só estará disponível no mercado no final de 2013. 27.600 garrafas foram produzidas. Tem 14% de álcool. Tem perspectiva de ser o melhor das três safras.
VIK – 2010
Produtor: VIK.
Origem: Millahue, Chile.
Visual: Rubi violáceo.
Olfato: Bastante fresco, envolvendo frutas vermelhas, chocolate, cravo e leve floral.
Paladar: Boa fruta, trazendo de volta algumas características do olfato. Macio e fresco, é um vinho de sabor bem equilibrado, bastante persistente.
Outras considerações: Elaborado com 56% de Cabernet Sauvignon, 32% Carmenère e pequenas porções de Syrah, Cabernet Franc e Merlot. Estagiou 12 meses em carvalho e 10 meses em garrafa. Foram produzidas 30 mil garrafas.
VIK – 2009
Produtor: VIK.
Origem: Millahue, Chile.
Visual: Rubi brilhante com tons violáceos.
Olfato: Este já mostra notas de evolução, como couro. Mas também traz fruta e especiarias.
Paladar: Repete as impressões do nariz, revelando-se um vinho bastante macio, de taninos aveludados e com final longo. Muito elegante.
Outras considerações: O mais sério dos três vinhos. Foi elaborado com uma maior parte (63%) de Carmenère, junto com 35% de Cabernet Sauvignon e o restante de Merlot, Syrah e Cabernet Franc.
Tive a oportunidade de provar a safra de 2009 e a achei excepcional. Agora comprei algumas garrafas de 2010 e espero que a alteração da composição não tenha mudado o caráter desse vinho. Fica somente a crítica quanto à encontrada dele, mesmo aqui em SP. Se vcs tiverem a informação, agradeço.