Por: Luciana Torreão
Em meados dos anos 90, o enólogo Michel Roland foi convidado pelos, hoje, proprietários da Casa Lapostolle, Alexandra Marnier Lapostolle e seu marido Cyril de Bournet, para encontrar no Novo Mundo um vinhedo capaz de competir com os europeus. E, foi no Chile, no Vale de Casablanca que ele encontrou o tão sonhado terroir, onde produziria o “vinho do futuro”, segundo eles mesmos denominaram.
Para apresentar o resultado dessa criação, o diretor de exportação da Casa Lapostolle, Julien Berthelot (foto), aportou no Brasil, para um wine dinner especial, durante dois dias, no Club Du Vin. O chef Hugo Prouvot elaborou menu exclusivo para harmonizar com quatro rótulos da vinícola chilena, que é referência internacional em qualidade. A imprensa teve o prazer de experimentar, em primeira mão, esta degustação.
Foram servidas duas opções de entrada: a abobrinha bola hidropônica com camarões ao velouté de manjericão (foto), junto com o elegante Cuvée Alexandre Chardonnay; e o risoto de funghi ao tinto e alho poró (foto abaixo) foi degustado junto com o vinho Canto de Apalta.
Na sequencia, foram servidos os pratos principais: mignon com purê de maçã e crisp de parma, com o vinho Cuvée Alexandre Syrah; e o Carré de cordeiro ao poivre vert com parmentier de batatas e espinafre, com o Cuvée Alexandre Merlot, cujos rótulos são elegantes e expressam bem o terroir. Para a sobremesa, o chef Hugo Prouvot apostou no sorvete de graviola e crocante de castanha do Pará.
A cada ano, a vinícola – que foi criada por volta de 1994, evolui com novas técnicas, cada vez melhores. A Casa, pertencente ao grupo Marnier-Lapostolle, é reconhecida mundialmente pelo licor Grand Marnier, que mantém como filosofia de produção as técnicas orgânicas e biodinâmicas, com um mínimo de intervenção nos vinhedos, aliando a expertise de produção francesa ao terroir do Chile.
A produção anual da Casa Lapostolle é de três milhões de garrafas, distribuídas em mais de 60 países ao redor do mundo. Somente no Brasil, são vendidas cerca de 60 mil garrafas. Segundo Julien Berthelot, Recife vem se desenvolvendo cada vez mais no segmento de vinhos, por isso os produtores estão de olho neste mercado. “São Paulo e Rio de Janeiro já estão acostumados ao hábito de tomar vinho, entretanto, o Nordeste Brasileiro vem despontando cada vez mais, e Recife vem liderando na região. Os paulistas respondem por 50% do que chega ao Brasil, enquanto Rio de Janeiro consome 30%, restando uma média de 20% distribuídos entre Brasília, Salvador, Minas Gerais e Recife, entre outras regiões. “A linha que mais vende da Lapostolle em terras brasileiras é a ‘Casa’, cujos vinhos são mais fáceis de tomar, mais frutados e jovens”, explica Julien.
Dados repassados por Julien mostram que a Lapostolle detém 2% a 3% do mercado de vinhos de alta gama no Chile. Contudo, como ele mesmo fez questão de dizer, isso não significa que sejam vinhos caros. Pelo contrário, são rótulos com preços acessíveis, com excelente custo-benefício. Com relação à produção, os vinhedos orgânicos e biodinâmicos – que fazem parte de uma linha de produtos intermediária, a Cuvée Alexandre – possuem tratamento especial, sem química, e se baseia no calendário lunar, a fim de produzir uvas com maior expressão do terroir. A presença de animais na localidade aponta isso. “Lá, são criados em meio às videiras, animais diversos: galinhas e gansos, que se alimentam de insetos; cavalos e lhamas que comem as ervas daninhas; entre outros. Tal tratamento faz com que, depois de 10 a 15 anos, estas vinhas não precisem mais de tratamento, pois estarão saudáveis e auto-sustentáveis, capazes de sobreviverem sozinhas, sem tratamento algum.
Julien comenta que 100% das barricas usadas são importadas da França. A família Marnier Lapostolle família é fundadora e proprietária do renomado licor Grand Marnier. O grupo empresarial é famoso pela produção de bebidas espirituosas e licores. Hoje, a Lapostolle possui 370 hectares distribuídos em três vinhedos diferentes, dividido por castas: Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère e Syrah.
ARQUITETURA – Um detalhe que chama a atenção é a arquitetura do prédio em que ficam as barricas: são 30 metros abaixo da terra. O local foi construído por um arquiteto francês, especialista em museus. A arquitetura da câmara de fermentação, bem como os porões de dois tambores é uma elipse, incluído um retângulo de ouro. A harmonia das proporções deste plano elíptico parece ser registrado em um círculo perfeito, como a Piazza del Campidoglio, em Roma.
A adega é alimentada por gravidade, abrangendo seis níveis, dos quais quatro são enterrados no granito da encosta Apalta para fornecer um ambiente de temperatura natural, ideal para o amadurecimento do vinho. Este projeto vertical permite ao vinho fluir naturalmente para baixo durante todas as fases da produção, evitando a necessidade de bombear, o que pode afetar adversamente os sabores sutis da bebida. De acordo com Julien, a colheita é feita à noite, com uma técnica de trabalho manual.
Confira nos próximos posts as avaliações dos vinhos provados, segundo Fabiana Gonçalves.
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