Riesling às cegas: Alsácia e Novo Mundo

O amor pelo vinho pode proporcionar experiências fantásticas. Enófila de carteirinha, a empresária Ângela dos Anjos (foto), proprietária da creperia e bar Anjo Solto, no Recife, é craque em promover encontros memoráveis em torno da bebida.

O último deles aconteceu recentemente, num recém-inaugurado e aconchegante espaço do seu restaurante.

Em uma viagem realizada este ano, Ângela ficou encantada com os vinhos brancos da região da Alsácia, na França, elaborados com a uva Riesling. Ela “garimpou” vários rótulos e trouxe-os para o Brasil. Depois, convidou um grupo de amigos também apaixonados pelo vinho (no qual tive o privilégio de estar presente) para compartilhar impressões sobre as suas escolhas. Numa degustação às cegas, ela disponibilizou quatro Riesling alsacianos e outros dois rótulos feitos com a mesma uva, só que um produzido no Chile e outro na Nova Zelândia.

A experiência foi acompanhada com uma série de pratos da casa, pois o objetivo também era avaliar os rótulos que melhor harmonizariam com a comida para incluí-los em sua carta. Vale salientar que o menu foi das deliciosas comidinhas do Espaço Tao, que tem influência da cozinha Nikkei.

Eis o desafio:

Nas taças, três Grand Cru (um deles de 2002), um “vinho de terroir” do venerado produtor Marcel Deiss e dois Riesling do Novo Mundo.

Na avaliação do blog, os alsacianos dominaram a prova. Confira as colocações:

1º) Schoffveg “Le Chemim des Brebis” Domaine Marcel Deiss – 2008 

Um grande vinho de produção biodinâmica, elaborado com as uvas Riesling e Pinot Gris pelo produtor Marcel Deiss, considerado uma referência na região. De cor amarelo dourado, tem aromas que mesclam notas cítricas, de carambola, pêssego e erva-doce. É mais intenso ainda na boca, onde exibe bastante mineralidade, toques de baunilha, mel e laranja. Tem boa acidez e média persistência. Álcool de 13,5%. 

Excelente/Excepcional [ Faixa de preço: € 33 ] 

2º) Schlossberg Alsace Grand Cru Riesling Domaine Weinbach – 2010 

O Domaine Weinbach é considerado um dos melhores produtores alsacianos. Este Riesling, também de cultura biodinâmica, vem do vinhedo Grand Cru Schlossberg. A cor é amarelo palha e apresentou um dos melhores buquês da prova: mineral, cítrico, flores brancas e leve toque de mel. É elegante na boca, com uma potente acidez, médio corpo e boa persistência. Deixa um agradável final de mel no paladar. Ainda evolui. Tem graduação alcoólica de 13,5%

Excelente [ Faixa de preço € 25 ] 

3º) Kirchberg de Barr Alsace Grand Cru Riesling Domaine Vincent Stoeffler – 2002 

Grand Cru do vinhedo Kirchberg de Barr, produzido por Vincent Stoeffler. Cerca de 20% das uvas utilizadas neste vinho foram afetadas pela podridão nobre. Sua coloração é amarelo dourado, mostrando sinais de sua boa evolução. O aroma é intenso e persistente, onde pode se perceber mel maracujá, notas florais e minerais. Na boca é fresco, com corpo leve e final de médio a longo. Repete as sensações sentidas no olfato.

Muito Bom / Excelente [ Faixa de preço € 17 ] 

4º) Schoenenbourg Alsace Grand Cru Riesling Frédéric Engel & Fils – 2010 

Frédéric Engel & Fils é um dos menores produtores da Alsácia. Este Riesling vem do vinhedo Grand Cru Schoenenbourg. A bebida apresentou cor amarelo palha e aromas que remetem a flores brancas e notas levemente cítricas. Tem boa acidez e sabor duradouro de mel e laranja. Teor alcoólico de 13%. O mais versátil com os pratos servidos.

Bom [ Faixa de preço € 8 – melhor relação entre preço e qualidade da degustação] 

5º) Leyda Neblina Single Vineyard Riesling – 2010 

Chileno do Vale de Leyda, com uvas cultivadas no vinhedo de Neblina. Mostrou cor amarelo palha e aroma bastante mineral. Possui algumas notas cítricas e de ervas. Na boca, embora tenha apresentado muito frescor e acidez pronunciada, o sabor que se sobressaiu foi de laranja muito madura. Bastante seco, tem 14% de álcool.

Bom [ Faixa de preço R$ 65 ] 

6º) Saint Clair Vicar’s Choice Riesling – 2011 

O último colocado veio da região de Malborough, na Nova Zelândia, produzido pela vinícola Saint Clair. Com cor amarelo palha, apresentou aroma floral, com notas de maçã. Na boca, tem boa acidez, médio corpo e sabor cítrico. Foi um vinho que “apagou” rapidamente na taça, ficando prejudicado com a boa evolução principalmente dos concorrentes alsacianos.

Bom/Regular [ Faixa de preço R$ 88 ]

You Might Also Like

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *