Participei quarta passada de uma degustação guiada pelo renomado enólogo português Luis Duarte. No encontro, realizado no restaurante da Casa dos Frios, ele apresentou alguns rótulos do seu projeto pessoal (Luis Duarte Vinhos) e da Herdade dos Grous, da qual é enólogo e diretor.
Antes de comentar os vinhos experimentados, nada mais justo que falar um pouco sobre o currículo de Luis Duarte. Eleito duas vezes (1997 e 2007) o melhor enólogo do ano de Portugal pela Revista de Vinhos e indicado como um dos cinco melhores enólogos do mundo pela revista alemã “Der Feinschmecker, ele presta consultoria atualmente para cerca de dez diferentes vinícolas, entre elas a Quinta do Mouro (que tem em sua opinião o melhor vinho de Portugal), Herdade da Malhadinha Nova, Herdade São Miguel, Herdade das Servas e Dona Maria.
Duarte iniciou a sua atividade profissional na Herdade do Esporão em 1987, onde foi enólogo durante 18 anos e um dos responsáveis pela criação e lançamento de rótulos como Monte Velho e Vinha da Defesa. Seu ingresso na Herdade dos Grous aconteceu em 2004. No curto prazo de quatro anos, o projeto já havia se tornado uma referência no Alentejo, com importantes premiações, como por exemplo o título de melhor vinho português de 2008 pela revista Blue Wine para o Herdade dos Grous Reserva Tinto 2006.
Mas antes disso, em 2003, o enólogo resolveu lançar o seu projeto pessoal, onde lançou marcas como Rapariga da Quinta, Rubrica e Monte do Carrapatelo. O Rapariga da Quinta, seu vinho mais “popular”, tem hoje produção de 200 mil litros, sendo distribuído em mais de 20 países. A marca foi criada a pedido do importador brasileiro Licínio Dias (à direita na foto), que queria colocar no mercado um produto próprio. Depois de consultar alguns produtores de Portugal, Licínio lançou a proposta para Duarte, que topou executá-la.
As versões tinto (2008 e 2009) e branco (2009) do Rapariga da Quinta ganharam pontuação de 91 e 92 pontos, respectivamente, pela publicação norte-americana Wine Enthusiast. Já a versão tinto Reserva (2008 e 2009) faturou 94 pontos e ainda ficou classificado entre os 100 Best Buy (2008) do mundo, pela mesma revista.
Mesmo depois de tantos reconhecimentos nacionais e internacionais, Duarte mantém a simplicidade do homem que gosta de estar em contato com a terra. Junto à sua casa, em Reguengos de Monsaraz, possui dez hectares de vinhas de onde vêm as uvas utilizadas em suas “experiências” particulares.
“Minha preocupação é fazer vinhos frescos, que não sejam pesados nem cansativos”, diz ele, reforçando que aposta na boa acidez e reprova o exagero de álcool. O enólogo também defende que a passagem do vinho por barrica de carvalho seja feita de forma equilibrada, não deixando que o sabor da madeira se sobreponha ao do vinho. “A bebida deve manter a fruta”, completa.
Confira nos próximos posts os vinhos provados durante a degustação guiada com Luis Duarte.