Fotos: Carol Prestrelo |
Estive ontem à noite num encontro com Javier Carrau, diretor da Bodegas Carrau, que aconteceu na Zahil de Boa Viagem, no Recife. Já havia provado um Tannat (o Reserva 2005) desta vinícola e gostado. A degustação revelou vinhos feitos com esta cepa de um caráter diferente – mais leves e menos adstringentes. Na ocasião, provei também um Sauvignon Blanc e um Cabernet Sauvignon.
A vinícola uruguaia tem origem na Cataluña, Espanha, onde a família Carrau adquiriu os seus primeiros vinhedos, em 1752. Quase cem anos depois, Juan Carrau Sust, neto do pioneiro Juan Carrau Ferres, depois de terminar os seus estudos em enologia mudou-se com a família para o Uruguai.
Em 1976, Juan Francisco Carrau Pujol, um dos cinco filhos de Juan Carrau Sust, adquiriu 24 hectares de videiras e uma vinícola pertencente a Pablo Varzi, localizada em Colón, e fundou a vinícola Carrau. Desde o início, sua ideia era elaborar vinhos finos.
Mais tarde, eles adquiriram terras em Cerro Chapeu, onde realizaram os primeiros estudos de solo da América do Sul, e construíram a vinícola localizada na maior altitude do país, a 360 metros acima do nível do mar, considerada a mais moderna daquele país.
A Bodegas Carrau produz em Canelones 800 mil litros de vinho e em Rivera outros 400 mil. Eles não têm planos de aumentar essa produção, pois a intenção é manter a qualidade dos vinhos.
A seguir os vinhos provados:
Cepas Nobles Sauvignon Blanc – 2009
Elaborado 100% com a uva Sauvignon Blanc, tem cor amarelo dourado e aromas herbáceos, de frutas tropicais, como o abacaxi, e de frutas brancas, como a maçã verde.
É um vinho fresco, de boa acidez e bem seco. Na boca, as frutas tropicais se sobressaem.
A graduação alcoólica é 13%.
Classificação: Bom
Preço: R$38
Onde encontrar: Importado pela Zahil. No Recife, Zahil Boa Viagem / Zahil Casa Forte – Nez Bistrô.
Cepas Nobles Cabernet Sauvignon – 2005
De cor granada e com halo aquoso, este Cabernet Sauvignon traz ao nariz frutas maduras e um leve herbáceo, com um caráter jovial.
Tem corpo médio e no paladar apresenta notas também de fruta madura e pimenta. Embora não seja um vinho novo, os taninos estão bem presentes.
Este vinho não teve passagem por madeira. Segundo Javier Carrau, ainda pode ser guardado por mais uns dois anos.
Classificação: Bom
Preço: R$38
Onde encontrar: Importado pela Zahil. No Recife, Zahil Boa Viagem / Zahil Casa Forte – Nez Bistrô
Cepas Nobles Tannat – 2005
Feito 100% com a cepa Tannat, característica do Uruguai, este Cepas Nobles teve estágio de nove meses em barris de segundo uso.
Sua cor é rubi, límpida e transparente, também mostrando um halo de evolução nas bordas. Lágrimas finas e longas aparecem na taça, enganado quanto à sua graduação alcoólica, que é apenas de 12%.
Os aromas são de frutas vermelhas, onde se sobressai jambo maduro, além de algo animal (aquele conhecido odor da uva Tannat).
Na boca, mantém as características do nariz. O corpo é médio e aparecem taninos bem domados. Perguntei a Javier se era influência da madeira, mas ele respondeu que além disso também houve um trabalho que começou na videira, com o tempo de maturação e a exposição correta ao sol.
Classificação: Muito Bom
Preço: R$38
Onde encontrar: Importado pela Zahil. No Recife, Zahil Boa Viagem / Zahil Casa Forte – Nez Bistrô
Carrau Tannat Reserva – 2007
Para Javier Carrau, este é o melhor Tannat que produzem. O seu estágio em madeira foi de 18 meses em barricas 30% novas de carvalho francês e americano, com maceração mais curta.
A sua cor é um rubi claro, bem límpido, diferente da maioria dos vinhos produzidos com a uva Tannat.
Os aromas são parecidos com o do Cepas Nobles Tannat, com o jambo maduro, as notas de estrebaria. Só que neste aparece menta e madeira, por sinal bem integrada ao conjunto.
É um vinho de corpo médio, com boa adstringência (a uva foi “amaciada”), fruta e madeira equilibrada. O final é longo e prazeroso. Tem 13% de álcool.
Minha sugestão de harmonização: cordeiro com geléia de menta.
Classificação: Excelente
Preço: R$60
Onde encontrar: Importado pela Zahil. No Recife, Zahil Boa Viagem / Zahil Casa Forte – Nez Bistrô