Este é o texto do mês de novembro da coluna Escrivinhos, publicado na revista Mon Quartier.
Novembro, o mês do Beaujolais Nouveau
Todo ano, na terceira quinta-feira do mês de novembro, os franceses celebram a chegada do seu primeiro vinho. O Beaujolais Nouveau fica pronto aproximadamente dois meses após colheita. Feito com a uva Gamay, é um vinho leve, fresco e descontraído, com características bem frutadas e bom para ser tomado geladinho.
Trata-se de uma verdadeira festa a celebração da chegada do Beaujolais Nouveau ao mercado. A ideia veio dos comerciantes de Lyon, região do Beaujolais, que produz uma uva capaz de render grandes quantidades de vinho. Para dar saída à produção, eles resolveram lançar seus rótulos mais cedo. Na década de 60, houve uma verdadeira competição entre os produtores locais para ver quem lançava primeiro o seu vinho.
Com o passar do tempo, o interesse pelos Beaujolais Nouveau começou a cair, devido à grande quantidade de exemplares medíocres colocados à venda no mercado. Isso aconteceu justamente por causa da pressa das vinícolas em “despejar” o seu vinho nas prateleiras. Porém, alguns produtores sérios continuaram firmes no seu propósito e não deixaram a tradição morrer.
Como disse antes, o Beaujolais Nouveau é feito com a uva Gamay, que dá origem a vinhos de baixo teor alcoólico e feitos para serem bebidos bem jovens. Na sua produção, os cachos são jogados inteiros nas cubas, sem esmagamento, num processo chamado maceração carbônica, onde a pele da uva é estourada através da fermentação. O objetivo é obter o máximo de cor e aroma.
O Beaujolais Nouveau combina com o clima do Brasil, pois deve ser consumido bem resfriado, por volta de 14ºC. Ele cai bem com frios, peixes, frutos do mar e pratos leves.
Ao bebê-lo, normalmente podem ser identificados aromas de frutas vermelhas silvestres, como morangos e framboesas, e também de banana. Quase sempre apresentam boa acidez, aliada ao sabor frutado e alegre.
O Brasil também tem o seu Beaujolais Nouveau. Produzido pela Miolo Wine Group, o Gamay é lançado em março, logo após a colheita no Hemisfério Sul. A bebida é feita com a consultoria
de Henry Marionnet, considerado pela crítica internacional o papa da variedade Gamay. O vinho tem as mesmas características do “primo” francês – leve e refrescante.
O Beaujolais Nouveau não é um vinho para ser avaliado como os outros, e sim apenas festejado. Como diz o sommelier Manoel Beato, trata-se de um “vinho de entretenimento”. O importante é que seja consumido até seis meses após a sua fabricação. Depois disso, corre-se o risco de se tomar um vinho “vencido”.
Um brinde!