Fotos: Ana Paula Bernardes
O 19º encontro da Confraria Amigos do Vinho Vale do São Francisco (Cavas) aconteceu esta semana num dos mais prestigiados restaurantes do momento no Recife, a Risoteria e Ristorante Da Noi, em Boa Viagem.
Apesar de reservado para 40 pessoas, muitos confrades apareceram para prestigiar, deixando o evento ainda mais animado.
O menu estava de muito bom gosto e os vinhos, dessa vez, foram de diferentes produtores e regiões vinícolas.
De entrada, a casa serviu uma Varieta di bruschetta (pão italiano com tomate e
mussarela de bufala, parma, brie e geléia de damasco). O vinho escolhido para harmonizar foi um branco nacional de ótima qualidade, descrito logo abaixo.
Casa Valduga Gewürztraminer Premium – 2005
Como expliquei durante o evento, este é um vinho produzido com uma uva originária da Alsácia, na França, porém de nome alemão, chamada Gewürztraminer. Devido à sua difícil pronúncia, esse nome gerou muitas brincadeiras entre os confrades. Porém, foi esclarecida por um alemão original, integrante da confraria (foto abaixo). Gewürz significa “especiaria”, característica que muitas vezes a uva transmite ao vinho.
Quanto ao rótulo em questão, trata-se de um branco bastante delicado produzido pela Casa Valduga, na Serra Gaúcha. Com coloração amarelo palha, apresenta discretos aromas florais e um caráter mineral, trazendo para a boca uma boa doçura que lembra lichia. Tem boa persistência e equilíbrio de acidez. Sua graduação alcoólica é de 12%.
Classificação: Muito bom.
Havia opções de dois primeiros pratos. A primeira era um Gnocchi di Ricotta e Porri al Sugo (gnocchi de ricota e alho poro com molho de tomate e manjericão) e a segunda um Filetto Alla Mastroianni (medalhões de filet mignon ao molho perfumado de tartufo e ravióli de queijo). Optei pelo filé e me dei bem. Ele fez boa combinação com o vinho servido a seguir.
Meia Pipa – 2008
Já havia provado este vinho, porém nunca comentado aqui no blog. Ele é produzido pela conceituada vinícola portuguesa Bacalhoa, com denominação de Vinho Regional Terras do Sado (Península de Setúbal).
Contam que a origem do seu nome vem do fato que o vinho era inicialmente comercializado em meias pipas (barris) de 250 litros. Em sua composição entram as castas Cabernet Sauvignon, Syrah e Castelão.
A bebida, que tem 14%, passou 12 meses em carvalho.
Na taça, apresenta coloração rubi e um discreto halo aquoso na borda. Traz aromas de frutas escuras, como ameixa, notas de especiarias e um leve mentolado. Alguns confrades também registram outras sensações, como de mel de engenho, caramelo e café.
O vinho tem bom corpo e equilíbrio, além de taninos bem estruturados. É um vinho que certamente tem potencial para guarda.
Classificação: Muito bom.
O segundo prato também contou com duas opções. Um Gnocchi Gratinati al Pomodoro e Funghi (gnocchi de batata gratinado com molho de tomate e funghi) e um Risotto con Filetto di Agnello e Funghi Freschi (arroz italiano com file de cordeiro e cogumelos frescos). Apostei na especialidade da casa e escolhi um risoto, de muito boa qualidade.
Para harmonizar, os confrades organizadores escolheram o argentino a seguir:
Argento Reserva Cabernet Sauvignon – 2008
Produzido pela Bodegas Esmeralda, em Mendoza, na Argentina, o Argento é um vinho bem conhecido pelas bandas de cá. É um vinho que precisa “respirar” para soltar os seus aromas, pois o álcool está bastante pronunciado no primeiro momento.
É um vinho de cor rubi, com intensas lágrimas na taça. De estilo fácil, bem frutado, com toque de baunilha e algum tostado. Na boca continua frutado e ainda revela um caráter de defumado.
Tem pouco corpo e pouca persistência. Sua graduação alcoólica é de 13%.
Classificação: Bom
Neste meio tempo, tivemos duas oportunas participações de confrades que falaram de interessantes e oportunos temas.
O primeiro foi o já assíduo confrade Padre Cláudio Jacinto, que falou sobre vinho e religião. Ele lembrou que estamos na época de comemoração da Páscoa e traçou um paralelo mostrando como o vinho estava presente na vida de Jesus e ainda hoje se faz presente nas celebrações cristãs.
A segunda participação foi do cirurgião cardiovascular Fábio Granja. Ele explicou aos confrades presentes os benefícios do consumo moderado de vinho no dia-a-dia, citando o “paradoxo francês”. Naquele país, onde é costume tomar-se uma ou duas taças diárias de vinho, os eventos cardíacos são bem mais baixos que em outras localidades.
Segundo o médico e confrade, os flavonóides e o resveratrol, substância transmitidas ao vinho, têm o poder de diminuir os radicais livres, o colesterol ruim (LDL) e aumentar a gordura boa (HDL).
Por essas e por outras, continuamos animados a noite, que fechou com uma bela sobremesa: um Salami di Cioccolato con Salsa di Pistachio (salames da chocolate com calda de pistache e sorvete de creme).
Para harmonizar, um espumante que já comentei por aqui:
Rio Sol Brut Rosé
Originário do vale do São Francisco, o Rio Sol Brut Rosé é produzido pela ViniBrasil pelo método Charmat, com segunda fermentação em tanques de aço inox. Seu teor alcoólico é de 12%.
De coloração salmon, apresentou boa quantidade de bolhas. Tem aromas de morango e na boca apresenta boa cremosidade, mantendo o frutado. Este espumante deve ser tomado bem gelado.
Classificação: Bom.
Como alguns confrades mesmo já puderam identificar, o espumante foi bem com o sorvete de creme, mas não caiu bem com o chocolate. Talvez uma fruta vermelha na mistura casasse melhor.
Estamos cada vez com os sentidos mais afiados!
Mais uma vez, parabéns aos organizadores Ricardo e Gustavo Lustosa, e aos diletos confrades.
Um brinde e até o próximo encontro!
Fabiana, mais uma vez nos agraciaste com suas oportunas intervenções, parabéns. Ressalto que a brilhante palestra do Dr. Fábio Granja poderia ser melhor se ele tivesse recomendado 1 garrafa de vinho todos os dias, e não as ínfimas duas taças (brincadeira). Ainda em tom de brincadeira, não tenho certeza se nosso confrade Alemão é original, pois ele só vive rindo e conta inúmeras piadas. Parabenizo nosso confrade Padre Cláudio por nos lembrar da páscoa e da ligação entre a religião e o vinho. Todas os confrades estão felicitados com mais este encontro de amigos.
Caríssima Fabiana, foi realmente um encontro bastante animado, o que já é uma marca registrada da CAVAS. Planejado com apenas 5 dias de antecedência, o evento lotou o Spazzio Fellini, local reservado pelo Da Noi para este tipo de evento. Infelizmente não foi possível acolher todos os confrades interessados em participar. Pela primeira vez, houve lista de espera. Começo a pensar em espaços maiores, onde todos possam ser confortavelmente recebidos. Destaque para as honrosas participações de Pe. Cláudio e Fábio Granja, que nos brindaram com interessantes palestras. Não posso deixar de registrar a importantíssima participação da Chef Dani Catanhêde, responsável pelo delicioso menu, que foi bastante elogiado por todos.
Enfim, foi mais uma grande noite o 19º encontro da CAVAS.