Vinhos Verdes pelo Brasil

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes de Portugal realizou esta semana dois eventos de degustação no Recife e no Rio de Janeiro, comandados pelo enólogo lusitano Antônio Cerdeira e pelo professor Mario Telles, da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SP). No Recife, a prova aconteceu no Buffet Rose Beltrão, com direito a uma aula sobre a região, seus vinhos e harmonização com a culinária brasileira. Alguns produtores locais também demonstraram seus rótulos durante o encontro.

A intenção dos encontros, que já acontecem anualmente em diferentes estados do Brasil, é divulgar os vinhos verdes como uma alternativa de consumo para o nosso clima tropical. “São vinhos de teor alcoólico baixo e que acompanham pratos leves”, explica Antônio Cerdeira. Demarcada em 1908, a região dos vinhos verdes está localizada no Noroeste de Portugal, na zona conhecida tradicionalmente como “Entre-Douro-e-Minho”. Possui 34 mil hectares, mais de 30 mil viticultores e produz 92 milhões de litros por ano. São chamados de vinhos verdes por estarem numa área com bastante vegetação, se estendendo até o Oceano Atlântico.

Pela antiguidade da região, muitas castas de lá são consideradas autóctones (nativas). A legislação local define quais as uvas recomendadas e autorizadas a produzirem vinhos com Denominação de Origem Vinho Verde. São produzidos brancos, rosados, tintos, espumantes, verde com madeira e aguardente, entre outros, sendo os brancos os mais conhecidos e divulgados. “O vinho verde não é singular, é plural, pois tem várias nuances”, define Cerdeira. A produção é de 65% de brancos, 26% de tintos e 9% de rosés, espumantes e mosto.

“Os brancos caem bem com frutos do mar, os rosados com sushi e os tintos com bacalhau”, generaliza Antônio Cerdeira. Porém, o sommelier Mário Telles vai além e dá várias dicas de harmonização desses vinhos com a culinária nacional. Por exemplo, o Alvarinho com madeira combina com dois fenômenos nacionais, que são o frango com catupiry e camarão na moranga. Segundo ele, os verdes tintos são muito ácidos e tânicos. “Se a pessoa for degustá-lo sem comida, inicialmente poderá criar até uma aversão”. Por isso, Telles indica pratos gordurosos para acompanhar, como o leitão à pururuca. “A gordura corta a acidez e os taninos, ficando o vinho mais frutado”, explica.

De maneira geral, os vinhos verdes contrastam bem com leve picante, com doçura e com gordura. Com comidas muito salgadas, a tendência é de ficarem metálicos na boca. Outra dica é que a acidez do vinho seja maior ou igual a do prato servido. Os brancos e rosados podem apresentar um leve gás carbônico, o que dá a sensação de “agulha” na boca. É uma boa opção para pratos com texturas diferentes.

DEGUSTAÇÕES – Até o próximo dia 15, o consumidor poderá provar os vinhos verdes em alguns pontos de degustação no Recife e no Rio de Janeiro. Confira os locais:

RECIFE
Pontos de venda com degustação de vinhos verdes

Dias: 3 a 8 de novembro – 14h às 20h
– Carmem Delicatessen
– Diplomata
– Adega Guararapes

Dias:10 a 15/ 11 – 14h às 20h
– Empório Deli
– Rosarinho Delicatessen
– Pomodoro Café – 18 às 24h

RIO DE JANEIRO
Pontos de venda com degustação de vinhos verdes

Dias: 3 a 5 / 11 – 14h às 20h
– Pão de Açúcar Barra
– Pão de Açúcar Copacabana
– Pão de Açúcar Flamengo

Dias: 6 a 11 de novembro – 14h às 20h
– Lidador Barra Shopping
– Lidador Ipanema
– Lidador shopping Tijuca

Dias: 10 a 12 de novembro – 14h às 20h
– Pão de Açúcar Barra
– Pão de Açúcar Copacabana
– Pão de Açúcar Flamengo

Dias: 13 a 15 novembro. – 14h às 20h
– Adega da Barra/Casa de Bacalhau
– Castelo do Vinho Botafogo
– Castelo do Vinho Jacarepaguá

PROVA DE VINHOS VERDES NO RECIFE:

Quinta de Simaens – 2007
Produzido pela Sociedade dos Vinhos Borges, é um vinho branco produzido com as castas Azal, Arinto e Trajadura. De coloração clara e brilhante, tem como principais características olfativas o aroma de abacaxi e limão. É um vinho seco, vivo, de boa acidez e frescor.

Paço de Teixeiró – 2007
Este é um vinho branco feito com as uvas do vinho verde na região do Minho. “Daí o seu gosto ser necessariamente mais suave quando comparado com os tipicos vinhos verdes”, explica Ana Borga, da área de marketing da Montez Champalimaud, empresa produtora da bebida. Feito com as uvas Avesso (60%) e Loureiro (40%) é um vinho fresco, porém sem muita intensidade aromática e sabor. Tem leves toques de maçã verde. Comparado aos verdes não empolgou tanto. Mesmo assim é uma bebida que combina muito bem com o nosso clima.

Quinta de Aveleda – 2007
Vinho com o mesmo nome de seu produtor, leva em sua composição as castas brancas Loureiro, Trajadura e Alvarinho. No nariz destacam-se as notas cítricas, como o limão e a maçã verde. Também tem caráter floral. Na taça, nota-se um ligeiro desprendimento de gás carbônico. É um bom vinho. Tem 12,5% de álcool.

Quinta da Lixa Trajadura – 2007
Sua composição é de 100% da casta Trajadura. Um vinho muito bom, com acidez presente e predominância de aromas cítricos, como o do limão, e minerais. A sensação de “agulha” é bem sentida na boca. Pode ser bebido com prazer sozinho ou acompanhado de petiscos, como um casquinho de siri.

Quinta da Pena Loureiro – 2007
Elaborado pelo Solar da Pena com 100% da casta Loureiro. Este vinho é excelente e tem aromas bem florais, com presença marcante de gás carbônico. Foi o escolhido por mim para acompanhar um risoto de camarão servido no almoço.

Quinta de Linhares Avesso – 2007
Trata-se de um vinho com potencial de guarda de até três anos. De excelente qualidade, tem boa persistência na boca, aroma e sabor que remetem ao pêssego. Na sua composição está exclusivamente a uva Avesso. É produzido pela Agri – Roncão Vinícola.

QL Alvarinho – 2005
Outro branco de qualidade superior produzido pela Quinta da Lixa. Este leva 100% de Alvarinho e apresenta um aroma mais complexo, com toques de maracujá, banana e floral. Tem bom equilíbrio de álcool na boca. É um vinho redondo.

Ponte da Barca Rosado – 2007
Este rosé foi o último demonstrado na apresentação do enólogo Antônio Cerdeira. Sua coloração é clara e vivaz. No nariz apresenta notas de frutas vermelhas, principalmente de morango. Na boca, a doçura é bem balanceada com a acidez. Tem 10% de teor alcoólico e foi feito com as uvas Espadeiro e Vinhão.

You Might Also Like

0 Replies to “Vinhos Verdes pelo Brasil”

  1. Fabiana, a pergunta que não quer calar, tendo sido tema de muitos debates aqui entre os neófitos. Vinho verde é “verde” porque a uva utilizada ainda não estava totalmente madura, ou é resultado do processo de elaboração?

  2. Aldo,
    Essa é a grande dúvida das pessoas em relação ao vinho verde. Algumas até pensam que a bebida tem coloração verde. Mas, curiosamente, o termo verde vem da região demarcada onde são produzidos esses vinhos, uma zona com muita vegetação. Não tem a ver nem com o tempo de colheita, nem com a elaboração. Cada casta tem seu ponto de equilibrio e cada produtor pode determinar qual a relação que mais se adequa ao vinho que quer elaborar.

    Espero que tenha ajudado.
    Abraços,
    Fabiana

  3. Fabiana, gostaria de esclarecer esta questão. Na realidade a denominação “Vinho Verde” não deriva do nome da região demarcada, passando-se exactamente o contrário: a região assumiu a designação do seu vinho. Esta região, devido a caracteristicas unicas, não permite que a uva fique madura, originando assim os vinhos verdes, em oposição aos vinhos maduros. Outra coisa que vaio ajudar nesta confusão foi a criação da região de turismo (que nada tem a ver com o vinho), que foi designada de Costa Verde, esta sim, devido à sua vegetação. Espero ter ajudado.

  4. Nuno, obrigada pelas considerações. As informações que repassei são as mesmas divulgadas pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes de Portugal. Inclusive no material impresso eles afirmam que o termo verde vem da vegetação do lugar. Concordo que suas informações fazem mais sentido.

    Abraços,
    Fabiana

  5. Fabiana, as informações fornecidas pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes estão correctas, eu sou Produtor de Vinhos Verdes e Vinhos Maduros, www-agri-roncão.pt e posso garantir a todos que as uvas dos vinhos verdes sao tão maduras como as dos ditos vinhos maduros. A designação Vinho Verde foi devido á zona destes vinhos ser muito chuvosa e mantem durante todo o ano um aspecto VERDEjante.
    Cumprimentos desde Portugal 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *