O ex-presidente norte-americano Thomas Jefferson era um apaixonado por vinhos. Conta-se que quando ele foi embaixador na França, comprava caixas e mais caixas de Bourdeaux. Costumava escrever sobre os rótulos que tomava, inclusive em suas correspondências. De volta aos EUA, Jefferson mandou um lote de garrafas made in France para o seu país, mas elas nunca chegaram ao seu destino. Os aficionados começaram então uma caça aos vinhos perdidos. Entre as garrafas estaria um raríssimo Château Lafite, de 1787.
Na década de 80, um ex-produtor musical alemão chamado Hardy Rodenstock anunciou a descoberta de uma adega repleta de vinhos que haviam pertencido a Thomas Jefferson. Entre eles o Château Lafite, que foi então vendido em um leilão da Christie’s por U$ 156 mil – o vinho mais caro do mundo. Com o dinheiro do Lafite no bolso, Rodenstock organizava degustações onde vinhos raros eram oferecidos a um pequeno grupo de privilegiados. “Sua paixão pela história do vinho é irrefutável”, chegou a afirmar o crítico americano Robert Parker sobre o alemão.
Foi quando a autenticidade de seus vinhos começou a ser questionada. No mesmo ano do leilão, a fundação responsável por administrar o museu de Thomas Jefferson afirmou que não havia nenhum registro sobre o Château Lafite nas anotações do ex-presidente. Uma análise de laboratório feita a pedido de um comprador de outro suposto vinho de Thomas Jefferson mostrou que a bebida era dos anos 60, e não do século 18. Caiu então a farsa. Rodenstock era um impostor e chamava-se Meinard Görke. O mais impressionante, diz um artigo da revista Exame sobre o caso, é que críticos como a inglesa Jancis Robinson e o americano Robert Parker simplesmente não perceberam que bebiam vinhos adulterados.
“As garrafas de Jefferson foram o grande exemplo de como as pessoas se tornam sugestionáveis quando o assunto é vinho”, escreve o jornalista americano Benjamin Wallace. Toda a história das garrafas falsificadas está em seu livro The Billionaire’s Vinegar (O vinagre do bilionário). A publicação ainda não está sendo comercializada no Brasil, mas se você estiver interessado, pode encontrá-la (em inglês) no site da livraria virtual Amazon.
kkkkkkkk, Fabiana!!!
Taí, o vinho é tão apaixonante que o transforma em algo dos mais sugestionáveis prazeres! Então viva Thomas J.
Realmente….
Por exemplo, agora, no feriado,antes do almoço, e depois com ele, nada melhor que a minha taça de um Santa Helena, Carmenére. Bom, muito bom e barato!
Viva…
Marcelo Auto
É por isso que eu não sigo a opinião desses “supercríticos”. Eles acertam muito, é verdade, mas também erram muito. Enfim, são “experts”, mas são, principalmente, humanos.
Nada como uma degustação “às cegas”, muito boa a história.
Fica ai a sugestão Fabiana, de vez em quando resenhas sobre livros de Vinhos e Cia.
Pra quebrar um pouco.
Um grande abraço!
Fabiana, interessante o problema de ser sugestionado na identificação de um aroma. Porém, não podemos olvidar que intuir o aroma do vinho é, na verdade, um exercício de memória olfativa. Destarte, muitas vezes somos acometidos de lapsos de reminiscências (corolário ao esquecermos o nome de algum amigo)quando o próximo nos acude daquele cheiro, ora deslembrado. Sempre recorro a minha virtuosa esposa para identificar aromas. Confirmo que as mulheres possuem um banco de dados olfativos maior que os dos homens. Assim, ela me lembra do olor do vinho sem me sugestionar.
Gustavo Lustosa- lgclustosa@terra.com.br – Confraria Amigos do Vinho do Vale do São Francisco CAVAS
Aproveitando o ensejo:
a Zahar estará lançando a tradução do livro no dia 18 de novembro, pros que quiserem conferir em português 🙂
Olá,
Sou Bruna Pallini, trabalho na Edelman, agência de comunicação da Jorge Zahar Editor.
Atualizando a data dita pelo Bruno, o lançamento está previsto para o dia 20/11.
Outra dica legal do livro, é que no final dele você encontra uma análise ciêntifica, que mostra como se provou que tudo era falso.
Abraços!