Mouchão

A história desta vinícola alentejana começou em 1825, quando o inglês Thomas Reynolds estabeleceu-se na cidade do Porto como negociante de vinhos para o seu país. Algumas décadas depois, seu filho Robert envolveu-se no negócio da cortiça e adquiriu um número razoável de propriedades alentejanas. Uma delas foi a Herdade do Mouchão, com uma área aproximada de 900 hectares, dos quais 70% ocupados por uma plantação de sobreiros, árvore de onde é extraída a cortiça. Neste terroir, a uva Alicante Bouschet encontrou condições que lhe permitem ótimo desenvolvimento, com excelentes resultados enológicos. No Mouchão também são plantadas as castas Trincadeira e Aragonez e, em menor escala, as brancas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro.

É a única adega em todo o Alentejo que mantém o sistema antigo de fermentação, em lagares com pisa a pé, para todos os seus vinhos tintos. O atual gestor da empresa, Ian Reynolds Richarson, afirma que o vinho do Mouchão tem uma cor muito intensa e escura e um corpo fora do normal, mesmo para o Alentejo, o que lhe permite uma longevidade acima da média. Os sócios da importadora Adega Alentejana, que trazem ao Brasil os vinhos deste produtor, tiveram a oportunidade de degustar o Mouchão 1954 (na época com 50 anos de vida) e adoraram o vinho, afirmando que ele ainda tinha capacidade de agüentar mais alguns anos na garrafa.

Vamos aos vinhos que degustei:

Dom Rafael Tinto, 2005
Este vinho tem uma coloração bem fechada e aromas que lembram compotas e especiarias. Na prova apresenta uma certa acidez, devido à sua juventude. Tem notas de frutos vermelhos e um final persistente. Em sua composição, que tem 15% de álcool, estão as castas Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira. É um vinho que deve melhorar com o tempo. Passou seis meses em tonéis de madeira de grandes dimensões e barricas novas de carvalho francês e americano. O preço no Recife é R$ 39,20, na Lacomex.

Mouchão Tinto, 2002
É um ótimo vinho, daqueles que deixam um final bem agradável na boca. Feito com as uvas Alicante Bouschet e Trincadeira, o Mouchão tem aromas complexos, que vão de ameixas e frutos vermelhos a couro e um pouco da madeira onde estagiou (o vinho fica durante 2 a 3 anos em tonéis de madeira com mais de 40 anos e capacidade superior a 2 mil litros). Na boca tem bom volume e uma estrutura marcante, com notas de frutas e uma madeira diferenciada. Os taninos são potentes, embora suaves à degustação. Tem 13% de álcool e, segundo orientações do produtor, deve ser decantado e aberto pelo menos uma hora antes de ser degustado. Só não me agradou o preço. Custa R$ 139 no Recife e pode ser encontrado em várias distribuidoras, como Casa dos Frios e RM Express.

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