Para os mais conservadores ou religiosos, o trabalho de um enólogo ou de um degustador costumaz de vinhos, como eu, muitas vezes não soa muito bem. “Pode virar dependência”, dizem alguns. Andei pensando no assunto e fui pesquisar lá na História Antiga para mostrar que tomar vinho não tem nada de pecaminoso, mas sim, é um ato quase divino.
Vejamos:
– Segundo a Bíblia, a primeira coisa que Noé fez ao sair de sua arca após o Dilúvio foi plantar uvas e produzir vinho.
– O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho.
– Na Santa Ceia, Jesus escolheu o vinho para simbolizar o seu sangue.
– O vinho tinha seus próprios deuses: Dionísio, na Grécia, era filho do poderoso-chefão Zeus. Já em Roma, Baco era o representante da bebida dos deuses (é daí que vem a palavra bacanal).
– Na Idade Média, o vinho foi bastante prejudicado por todas as desgraças que assolaram a Europa. Graças aos monges, a bebida sobreviveu. Os mosteiros tornaram-se centros de cultivo de vinhas e também de produção de vinho. Nessa época foram feitas importantes pesquisas e a Igreja tornou-se proprietária dos maiores e mais importantes vinhedos europeus.
– Na época das viagens marítimas em busca do Novo Mundo, os padres missionários levavam vinho para celebração das missas (será que era só para isso?). Com o tempo, eles passaram a levar também mudas de videiras para plantar nas terras descobertas. Daí a origem dos vinhos do Novo Mundo.
Existem dois famosos vinhos que têm um pouco de divino no nome. Um deles é o Vin Santo – vinho de sobremesa italiano que antigamente era servido nas missas. É produzido na Toscana e como é bem doce pode ser tomado sozinho ou acompanhando sobremesas. O outro é o legendário francês Châteauneuf du Pape (novo castelo do Papa). Seu nome é em homenagem ao palácio de verão dos papas construído no século XIV. O vinho produzido nas redondezas leva esse título. Foi o primeiro vinho francês a ter sua produção regulamentada. Em sua composição pode haver até 13 uvas.
Amém!
Imagine se a gente deixasse de tomar vinhos com nomes de santos? Vele tb para vinícolas. Ia haver uma baixa considerável em nossas opções de consumo, não é?
Amei o post! MUito bom!
Acho que mais do que aos enólogos e degustadores, a colocação ” Pode virar dependência” se encaixa muito mais as divindades antigas, afinal o trabalho desses especialistas não estão atrelados a criar novos vinhos, mas, a estudar os seus vários sabores… Viva as divindades que puderam a partir da sua “dependência” propocionar a esses profissionais a arte de analisar sobre tais assuntos, como fez a criadora deste blog. E ainda digo mais: sem peso na consciência ao degustá-lo afinal, o vinho
diga-se de passagem, continuará sendo uma santa bebida, literalmente!