A encantadora Quinta da Ervamoira

Banhada pelo Rio da Côa, a Quinta da Ervamoira, localizada no Douro, foi uma das regiões vinícolas mais remotas e encantadoras que pude conhecer. A começar pela aventura para chegar lá! Viajamos mais de quatro horas de carro do Alentejo até a cidade do Porto, onde dormimos, para na manhã seguinte ir de carro (cerca de duas horas) até a estação ferroviária do Pinhão.

A construção, datada do século 19, guarda belos azulejos ilustrando a saga da produção e comercialização do vinho do Porto. Muito bem conservada, parece que parou no tempo, com seu antigo relógio de ponteiro e bucólicos banquinhos de ferro.

Lá, pegamos um comboio (trem) até a estação do Pocinho, margeando o Rio Douro por cerca de uma hora. O percurso é de tirar o fôlego de tão bonito. De longe, podemos avistar os letreiros de várias quintas presentes na região.

Chegando no nosso destino, pegamos um táxi que nos levou até a aldeia de Muxagata (cerca de 20 minutos). Ali nos esperava Sónia, nossa guia nesta aventura, pilotando uma antiga e valente Land Rover Defender. Percorremos cerca de oito quilômetros por estradinhas de terra até chegar ao nosso destino.

A Quinta da Ervamoira é uma das quatro quintas pertencentes à Casa Ramos Pinto. Possui 234 hectares de área total, sendo 150 hectares plantados com vinhedos. O terreno varia entre 100 e 300 metros de altitude, sendo o primeiro local no Douro a utilizar o sistema de ‘vinha ao alto’, um sistema de plantação em que as vinhas são dispostas em linhas verticais que seguem a pendente da encosta.

Em 1974, José António Ramos Pinto Rosas procurava um terreno pouco acidentado no Douro, onde fosse possível a colheita mecanizada das uvas.  Pesquisando em cartas militares, achou a Quinta de Santa Maria, depois rebatizada de Quinta da Ervamoira. Lá, junto com o seu sobrinho João Nicolau de Almeida, realizou um minucioso estudo onde selecionou as cinco melhores castas da região e passou a trabalhar com elas para o vinho do Porto e de mesa:  Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Francesa, Tinta Barroca e Tinto Cão. Isso acabou com a mistura de castas na mesma vinha.

Com o projeto de construção da Barragem do Côa, a área quase foi coberta pelas águas. Só escapou por causa da importante descoberta de pinturas rupestres da era paleolítica na região, que mais tarde foi classificada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Na Quinta da Ervamoira, 90% das uvas plantadas são tintas e 10% brancas. As variedades são utilizadas em alguns rótulos da casa, como o emblemático Duas Quintas, que este ano completa 25 anos de existência, e o Porto 10 Anos. Em toda a produção, não são usados defensivos agrícolas.

Na casa sede, os visitantes podem encontrar um bonito museu que conta um pouco da história do local, desde a época das pinturas rupestres, passando pela ocupação romana e chegando à própria saga da marca Ramos Pinto.

Em um terraço exuberante, nos foi servido um porto tônica de entrada (um refrescante drink feito com Porto White, água tônica, gelo, limão e hortelã), onde apreciamos a vista de uma parte das vinhas e, ao longe, no alto de uma colina, a igrejinha de São Gabriel.

O almoço, com direito a iguarias da região, veio acompanhado do Porto Adriano Reserva, do Duas Quintas Tinto 2013 e do Porto RP 10 Anos Quinta da Ervamoira. Uma experiência espetacular!

Nos próximos posts, conto mais sobre uma outra aventura na Ramos Pinto, desta vez na Quinta do Bom Retiro, e falo sobre os vinhos da marca, que são importados para o Brasil pela Licínio Dias (LD) Importação e pelo grupo Franco-Suissa.

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